Quem se incomoda com patrocínio é burro, diz carnavalesco da Beija-Flor

Por blog alalaô

DO UOL

Chorando de emoção após saber do resultado que consagrou a Beija-Flor campeã do Carnaval 2015 no Rio de Janeiro, Laíla, diretor da escola, disse nunca ter passado por um carnaval tão difícil. “Fomos muito incompreendidos até mesmo dentro da própria escola. A gente sempre busca fazer o melhor, a gente passou por muitas coisas, até dúvidas dentro da própria escola nós tivemos. Foi muito difícil para mim, questionaram tudo o que puderam”, disse o carnavalesco.

A Beija-Flor sofreu muitas críticas por conta do enredo escolhido, que exaltou a Guiné Equatorial, país conhecido por seu governo ditatorial, acusado de diversas violações aos direitos humanos. De acordo com o jornal “O Globo”, a escola teria recebido R$10 milhões de patrocínio do país.

“Quem se incomoda com patrocínio é burro. A escola deu 4.000 fantasias para a sua comunidade graças ao patrocínio”, disse o diretor artístico da Beija-Flor, Fran Sérgio, que trabalha na escola há 20 anos. Segundo ele, o enredo foi financiado por empresas brasileiras de construção civil que atuam na Guiné Equatorial.

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Ele explicou que a ideia de fazer um enredo baseado no país africano surgiu após um show feito pela escola de samba no local em outubro de 2013. Fã da escola carioca, o ditador Teodoro Obiang Nguema Mbasogo levou a agremiação mais duas vezes ao país depois da apresentação de 2013, e então a ideia de virar tema do desfile foi tomando força.

“A Guiné Equatorial é um país lindíssimo que está se modernizando e em pleno processo de crescimento. A população adora seu dirigente, apoia o governo, mas esse enredo não tem nada a ver com política. É um enredo do povo, da história do povo, da cultura, das belezas naturais e da África”, justificou o carnavalesco.

Para o presidente da Beija-Flor, Farid Abraão David, a derrota de 2014, quando a escola ficou em sétimo lugar, influenciou a vitória este ano. “Ganhamos na humildade, no trabalho, no respeito às escolas irmãs e na vontade de vencer esse Carnaval, pelo sétimo lugar injusto no ano passado. Viemos com muita vontade, determinação e chão.”

“Não entendo essa polêmica sobre o enredo agora no final [do Carnaval]. Em oito meses não tinha nada e agora essa situação. Que venham mais patrocínios”, completou Farid.

A diretora de harmonia do desfile, Simone Sant’Ana preferiu ignorar as críticas ao enredo patrocinado. “As críticas não abalaram a gente. Isso é coisa de gente que tenta colocar a gente lá embaixo”, acredita.

Rainha de bateria da escola, Raíssa Oliveira comemorava a escolha do tema para o desfile. “Meu palpite do enredo deu certo, graças a Deus. Eu estava quase enfartando, agora é só festa”, declarou.

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SEGUNDO LUGAR

Conformada com o segundo lugar do Salgueiro, a presidente da agremiação, Regina Celi, disse que a escola não sofreu nenhuma injustiça. “Carnaval é isso, uma disputa. Ainda viemos bem em segundo, tem gente que nem veio. Ano que vem eu corro atrás do primeiro lugar de novo.”

Regina disse que o enredo para o próximo ano já está fechado, mas não quis anunciar o tema. Quanto à rainha de bateria do Salgueiro, Viviane Araújo, Regina declarou que a escola nem pensa em mudar. “Ela vem barriguda mesmo, empurrando carrinho, de qualquer jeito”, brincou, em alusão a uma possível gravidez da atriz no ano que vem.