Bloco desafia lei e proíbe entrada de folião sem abadá em SP

Por Alalao

Organizadores do bloco “Nu’Interessa”, da Vila Madalena, foram flagrados pela reportagem da Folha, na tarde deste sábado (22), cercando com grades  uma praça da região para restringir a entrada do folião sem abadá.

A atitude contraria lei da gestão Haddad (PT) que proibiu a “segregação dos espaços públicos” durante a folia.

O bloco está concentrado na praça jornalista Roberto Corte Real.

No local, só participa da festa quem tem o abadá. O custo da camiseta é de R$ 120 e dá o direito ao folião de consumir cinco cervejas.

A Folha apurou que quem quiser participar do bloco precisa desembolsar o valor no local — que mantém uma venda de abadás.

Questionada sobre a medida, a organização do bloco informou que obteve autorização da PM para realizar a festa no local.

Eles também alegaram que a folia tem uma “causa nobre”.

Bloco cercou praça com grades (crédito: Lívia Sampaio/Folha)
Bloco cercou praça com grades (crédito: Lívia Sampaio/Folha)

“Nossa festa é 100% beneficente e a renda será revertida para três instituições da capital”, informou Allan Bordin, diretor do bloco.

Procurada, a secretaria de Cultura de São Paulo, via assessoria de imprensa, informou que o bloco está desrespeitando o decreto municipal, ao cercear a entrada do folião sem o abadá.

A assessoria da pasta informou ainda que o bloco poderá sofrer sanções no Carnaval do próximo ano.

A pasta ressaltou, no entanto, que a fiscalização da lei é de responsabilidade das subprefeituras.

Na Vila Madalena, a subprefeitura de Pinheiros é a responsável pela região.

A Folha entrou em contato com a coordenação das subprefeituras da capital, mas até a conclusão desta edição, não conseguiu localizar o responsável pelo órgão.

DECRETO
Segundo o decreto assinado pelo prefeito Fernando Haddad (PT), a justificativa para a não segregação dos foliões é de que o Carnaval é um “conjunto de manifestações voluntárias, não hierarquizadas, de cunho festivo e sem caráter competitivo”.

“Tratando-se de ocupação temporária de bens públicos, nas manifestações do Carnaval de Rua não poderão ser utilizadas cordas, correntes, grades e outros meios de segregação do espaço que inibam a livre circulação do público, permitindo-se o uso de vestuário distintivo que apenas identifique o respectivo grupo, sem que se constitua em elemento condicionante à participação”, estabelece o artigo 3º do decreto municipal.

A medida vai na contramão de cidades como Salvador, que há anos tem o carnaval de rua segregado por cordas e abadás.