Grande homenageada da Mangueira, campeã do Carnaval do Rio de 2016, a cantora Maria Bethânia enfrentou problemas no desfile das campeãs, realizado na noite deste sábado (13).
Uma falha no guindaste conhecido como Carvalhão impediu que ela fosse erguida ao topo do último carro alegórico.
Após diversas tentativas, até com a ajuda de uma escada, a escola definiu que a cantora desfilaria na pista. Ela cruzou a Sapucaí a pé, acompanhada pelas duas afilhadas, e foi muito aplaudida pelo público nas arquibancadas.
“Deu um problema. Eu vinha realmente no carro, mas foi uma delícia. Adorei. Vi grandes amigos e pessoas lindas até essa hora da manhã, apaixonadas pelo carnaval, reverenciando a Mangueira e me aplaudindo. Estou muito feliz”, disse Bethânia ao fim do desfile.
POR UM DÉCIMO
Com 269,8 pontos de 270 possíveis, a Mangueira superou por apenas um décimo as escolas Unidos da Tijuca e Portela, que ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente.
“É muita emoção ser a campeã entre tantas escolas tão lindas. Tem que ter as escolas tradicionais no pódio sempre”, disse aos prantos Júnior Schall, diretor de Carnaval da Mangueira.
Última a desfilar na segunda-feira (8), a escola cantou a vida e a carreira de Maria Bethânia. O desfile homenageou o orixá da cantora, Iansã, e refletiu o sincretismo religioso, com carros dedicados a Oyá e um altar de devoção católica.
O samba rápido e de refrão fácil foi pescado rápido pela plateia, que cantou junto. Participaram do desfile Caetano Veloso, irmão da cantora, e outros artistas como Adriana Calcanhotto, Zélia Duncan, Ana Carolina e Renata Sorrah.
O Carnaval deste ano terminou com 106 mortos em acidentes de trânsito nas rodovias federais do país, número 8,6% menor do que o registrado no mesmo período de 2015.
De acordo com o balanço divulgado pela Polícia Rodoviária Federal nesta sexta-feira (12), houve queda de 58% na taxa de batidas consideradas graves –quando ao menos uma pessoa morre ou fica gravemente ferida. Esse percentual é calculado levando-se em consideração o total de acidentes desse tipo por milhão de veículos em circulação.
Ainda segundo a Polícia, os índices de ocorrências nas estradas federais alcançaram a meta estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas) de redução em 50% do quantitativo de mortos no período de 2010 a 2020.
Presente à divulgação dos dados, em Brasília, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) classificou o balanço de feriado deste ano como o melhor das últimas décadas. “De 2011 para cá, há uma queda brutal. Quando peguei o ministério, era uma linha ascendente (de acidentes), isso nos preocupava. Agora, há numa linha descendente, superando as nossas expectativas”, comemorou Cardozo.
A PRF registrou 185 colisões graves durante o Carnaval, bem abaixo das 413 vistas no feriado do ano passado. O número de feridos também reduziu: de 1.849 para 1.643, neste ano. O quantitativo absoluto de acidentes, de maior e menor dano, passou de 2.824, em 2015, para 1.704.
EMBRIAGUEZ
A Operação Carnaval durou de sexta (5) a quarta-feira (10) e flagrou 1.347 motoristas embriagados, sendo que 162 acabaram presos por apresentarem índices de alcoolemia superiores a 0,3 miligrama por litro de ar. Nesses casos, a pena varia de seis meses a três anos de prisão, e a multa cobrada a quem dirige sob efeito de álcool é de R$ 1,9 mil.
“Fizemos importantes modificações nessa área de legislação e intensificamos a fiscalização. Não adianta haver a lei se não houver fiscalização preventiva, então pessoa não bebe porque sabe que pode haver fiscalização ali na frente”, comentou o ministro.
]]>Emocionada com a vitória da Mangueira no Carnaval do Rio deste ano, Maria Bethânia se disse lisonjeada e agradecida pela escola tê-la homenageado.
Bethânia classificou o enredo como “delicado, fino e elegante”. Ela ressaltou que a força do tema, contudo, era justamente Oyá, orixá de quem é devota –“sou filha dela”, disse.
“É muito grande para mim”, disse ela à *Folha*, em breve entrevista por telefone.
“Você imagina, eles me colocaram como a menina dos olhos de Oyá. Ou seja, o orixá que é a grande força, que é o homenageado e que merece tudo isso. É lindo ganhar, ver, depois de tantos anos a Mangueira ser campeã com um enredo delicado, fino, elegante, de um orixá de muita nobreza. E a filha dela aqui, pequena, vitoriosa graças a Deus”, disse.
Considerada um dois maiores ícones da música popular brasileira, Bethânia afirmou que desfilar foi uma emoção muito diferente da que usualmente experimenta nos palcos. A festa popular do Carnaval a contagiou, contou.
Segundo ela, enquanto o palco é um local de público restrito, de muita palavra e ideias, a avenida é a festa das comunidades, alçadas ali como donas do mundo. Para ela, “aquilo lá é lavado, nu, desmascarado e bonito demais”.
“[A avenida] É completamente diferente de tudo, de cena, de palco. É uma outra história, que é uma festa popular, das pessoas de suas comunidades, festejando, brincando, sem nenhum receio, donos do mundo. Isso que é a grande beleza para mim”.
O carnavalesco que tirou a Mangueira de um sufoco de mais de dez anos sem um título de Carnaval carioca, Leandro Vieira, disse, após a vitória da escola nesta quarta-feira (10), que “fez uns ajustes” na escola para fazê-la vencer.
“A Mangueira é uma escola muito conservadora –a diretoria, os componentes. O que eu tentei fazer foi trazer para a escola um Carnaval moderno. Usei muita nudez, coloquei uma porta bandeira careca. O mangueirense chegou na concentração vendo uma escola diferente”, disse Vieira na quadra da escola.
Para ele, o que deu o título à escola não foi Bethânia ou a tradição, mas o perfeccionismo e o trabalho do dia a dia.
“A gente refazia tudo se precisasse”, disse o carnavalesco.
Estreante no Grupo Especial, Vieira chamou a atenção em 2015 com um desfile muito elogiado pela Caprichosos de Pilares. Ganhou seis prêmios.
Ele rejeita a ideia de que possa ser um novo Paulo Barros, tido como o carnavalesco mais inovador dos últimos anos. “Não acho que tenho esse poder de mudar o Carnaval”, disse, modesto. “Eu fiz um desfile para a Mangueira ganhar, só isso.”
Após 13 anos sem vencer, a Mangueira é a campeã do Carnaval do Rio em 2016.
É o 19º título da escola do Morro da Mangueira, no centro do Rio, que não vencia desde 2002 e é a segunda maior campeã do Carnaval carioca. A Portela ainda é a maior vencedora, com 21 títulos.
Com 269,8 pontos de 270 possíveis, a Mangueira superou por apenas um décimo Unidos da Tijuca e Portela, que ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente, ambas com 269,7 pontos.
“É muita emoção ser a campeã entre tantas escolas tão lindas. Não sou só eu, são 4.000 mãos. Tem que ter as escolas tradicionais no pódio sempre”, disse Júnior Schall, diretor de carnaval da Mangueira, aos prantos.
Última a desfilar, na segunda-feira (8), a escola cantou a vida e a carreira de Maria Bethânia. O desfile homenageou o orixá da cantora, Iansã, e refletiu o sincretismo religioso, com carros dedicados a Oyá e um altar de devoção católica.
O samba rápido e de refrão fácil foi pescado rápido pela plateia, que cantou junto.
Participaram do desfile o irmão da cantora, Caetano Veloso, além do cineasta Andrucha Waddington, Adriana Calcanhotto, Zélia Duncan, Paula Lavigne, Ana Carolina, Renata Sorrah e outros artistas.
APURAÇÃO
No primeiro quesito da apuração –samba-enredo– sete escolas saíram na frente, ao conseguir somar trinta pontos (três notas dez): Beija-flor, Unidos da Tijuca, Vila Isabel, Salgueiro, Portela, Imperatriz e Mangueira.
Críticos já apontavam a disputa deste ano como das mais difíceis, visto que houve uma profusão de sambas marcantes e desfiles sem erros. Nenhuma escola perdeu pontos por descumprir o regulamento.
A disputa foi acirrada e desde o início quatro escolas disputavam décimos. Salgueiro e Mangueira se revezavam no topo da colocação.
As notas do segundo quesito –enredo– mostraram que, embora as escolas tenham conseguido representar na avenida as suas escolhas, alguns temas não agradaram.
Apenas Mangueira, que homenageou Maria Bethânia, Salgueiro, os malandros, e Vila Isabel, sobre Miguel Arraes, somaram 30 pontos no quesito enredo.
As comissões de frente que mais agradaram os juízes foram as da Beija-Flor, Grande Rio, Unidos da Tijuca e Salgueiro. Nas fantasias, destacaram-se a Unidos da Tijuca, São Clemente, da carnavalesca Rosa Magalhães, e Portela.
A Portela, que tinha ficado para trás em enredo, se recuperou com as fantasias desenvolvidas pelo carnavalesco Paulo Barros.
Ao final do quinto quesito, mestre-sala e porta-bandeira, quatro escolas estavam empatadas no primeiro lugar: Tijuca, Salgueiro, Portela e Mangueira. Somente após a apuração do sexto quesito, harmonia, a disputa ficou acirrada entre Salgueiro e Mangueira, empatadas em pontos.
Seis escolas empataram no quesito harmonia, o que não mudou a classificação geral. Ao final da evolução, que verifica a passagem da escola na avenida, Mangueira passou na frente de Salgueiro.
O quesito bateria teve um problema. Um dos julgadores não apareceu. Foi considerada, então, a nota mais alta dos outros três jurados. A nota mais baixa, como manda o regulamento, foi descartada.
Mangueira e Salgueiro seguiram empatados até o último quesito, alegorias e adereços, que definiu a escola vencedora. Ao final do penúltimo quesito, bateria, Tijuca e Portela estavam a apenas um décimo dos líderes.
A apuração foi tranquila. A ordem de leitura dos quesitos, definida por sorteio, foi: samba-enredo, enredo, comissão de frente, fantasias, mestre-sala e porta-bandeira, harmonia, evolução, bateria, e alegorias e adereços.
Alegoria e adereços foi o quesito usado para o desempate entre as agremiações que obtiveram a mesma pontuação.
Foi rebaixada para o Grupo de Acesso a escola Estácio de Sá com 265 pontos.
COMO FOI O DESFILE
No primeiro dia de desfiles, no domingo (7), Beija-Flor de Nilópolis e Mocidade Independente de Padre Miguel dividiram a preferência do público.
Atual campeã, a Beija-Flor contou a história do marquês de Sapucaí. Carros alegóricos dourados e componentes animados marcaram a apresentação.
Sem vencer desde 1996, a Mocidade falou sobre a crise política e trouxe um Dom Quixote gigantesco para a avenida.
Grande Rio e Unidos da Tijuca fizeram apresentações corretas, mas sem empolgar o Sambódromo.
Na segunda-feira (8), Salgueiro, Portela e Mangueira despontaram como favoritas.
Salgueiro levou para a avenida a “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque. O samba empolgou a arquibancada.
Com um enredo sobre viagens –desde a “Odisseia” de Homero até as viagens de Gulliver–, Portela deixou a Praça da Apoteose ouvindo gritos de “É campeã!”.
ACESSO
A ordem de leitura dos quesitos, definida por sorteio, será: samba-enredo, enredo, comissão de frente, fantasias, mestre-sala e porta-bandeira, harmonia, evolução, bateria, e alegorias e adereços.
O último quesito, alegoria e adereços, será o primeiro usado para fazer o desempate entre agremiações que obtiverem a mesma pontuação.
A Liga Independente das Escolas de Samba não informou se alguma escola será punida por irregularidades.
As seis primeiras classificadas retornarão à Sapucaí no sábado. A última colocada desfilará no grupo de acesso no Carnaval 2017.
No primeiro dia de desfiles, no domingo (7), Beija-Flor de Nilópolis e Mocidade Independente de Padre Miguel dividiram a preferência do público. Correndo por fora, Grande Rio e Unidos da Tijuca fizeram apresentações corretas, mas sem empolgar o Sambódromo.
Na segunda-feira (8), Salgueiro e Portela despontaram como favoritas. Salgueiro levou para a avenida a “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque. O samba empolgou a arquibancada.
Portela também deixou a Praça da Apoteose ouvindo gritos de “É campeã!”. O enredo foi sobre viagens, desde a “Odisseia” de Homero até as viagens de Gulliver.
A última noite de desfile do Rio trouxe sua leva de beldades na avenida.
A funkeira Ludmilla fez sua estreia no Carnaval, pelo Salgueiro, enquanto a veterana Viviane Araújo brilhou como de hábito na mesma escola.
A Imperatriz Leopoldinense trouxe Wanessa Camargo e a Vila Isabel contou com Nicole Bahls e Sabrina Sato.
Veja as mais belas a passar pela Sapucaí na virada desta segunda para terça-feira.
COLUNISTA DA FOLHA
Na noite dos belos sambas, Salgueiro e Portela se destacaram na luta pelo título do Grupo Especial. As duas juntam-se à Beija-Flor, que se apresentou no domingo, como favoritas. Agora é esperar o que dizem os envelopes dos julgadores, amanhã.
A desmentir aqueles que apontam uma irreversível decadência do gênero, três escolas brilharam no quesito samba-enredo: Vila Isabel, Salgueiro e Imperatriz Leopoldinense. Já mostravam qualidade na gravação, e na avenida, que é onde conta, confirmaram sua excelência. O lamentável é o equipamento de som do Sambódromo. Quem assiste na televisão não nota; mas lá a audição é péssima.
Se depender do público, a Portela já ganhou. Há muito tempo uma escola não é aclamada antes mesmo do fim do desfile. Pois, a partir do setor três, os gritos de “É campeã!” se sucederam. Embora seja a maior ganhadora de títulos (21 no total), desde 1984 a escola de Oswaldo Cruz não levanta um campeonato. Um jejum incômodo que motivou a contratação do carnavalesco Paulo Barros, que prometeu – e cumpriu – uma mescla de tradição e inovação.
O enredo “No voo da águia, uma viagem sem fim” mostrou-se nem Paulo Barros demais nem Portela de menos. Uma equação que funcionou desde a comissão de frente, que recriou a “Odisseia” de Homero. Um Poseidon flutuou com a força de jatos d’água. Foi o primeiro delírio da plateia.
Também impressionou o carro das viagens de Gulliver: um boneco do ator Jack Black, que interpretou o personagem no cinema, foi escalado por dez componentes. Tarefa difícil, pois a escultura media quase 20 metros.
Barros não deixou de “viajar”, mostrando uma alegoria sobre a série “Perdidos no Espaço” e dinossauros que engoliam passistas. Mais delírio.
À frente da bateria, o prefeito Eduardo Paes, portelense assumido, estava tão animado que chegou a roubar a cena da rainha Patrícia Nery.
O lema do Salgueiro, todos sabem, é “nem melhor, nem pior, apenas diferente”. Mas tudo que a escola queria era fazer um desfile que provocasse um resultado diferente e melhor – nos dois últimos anos, terminou em segundo.
Mordida, levou para a avenida sua ópera. E agradou em cheio, ao mostrar a marginália da Lapa clássica: não só os malandros de terno branco e sapato bicolor, mas também as dançarinas, as prostitutas, os jogadores, os bêbados, os mendigos. Ao lado e em comunhão com eles, Zé Pelintra.
O samba, muito bom, ajudou – e muito. Um zepelim prateado sobrevoou os ritmistas vestidos de Geni, a personagem da “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque, assumida inspiração dos carnavalescos Renato e Márcia Lage. Infelizmente as luzes do carro abre-alas apagaram-se um pouco antes do fim do desfile.
O Carnaval é profano. Mas pode ser religioso. Foi o que se viu no desfile da Mangueira em homenagem à Maria Bethânia e seus 50 anos de carreira. O título do enredo refere-se à “menina dos olhos de Oyá”, a divindade dos ventos no candomblé, também conhecida como Iansã, da qual a cantora é devota. E lá estava Oyá, na comissão de frente e no carro abre-alas. Como estavam, nas demais alegorias, Santa Bárbara e o Senhor do Bonfim, num perfeito sincretismo.
O carnavalesco Leandro Vieira, estreante no Grupo Especial, destacou, ao narrar a trajetória musical de Bethânia, o carcará e a abelha-rainha. Ela veio no último carro e – aqui vale o lugar-comum – estava emocionada. Era tudo que a Mangueira queria e precisava: um desfile carregado de emoção. E luxo.
Pode haver universos mais distantes que o do samba e o da música sertaneja? A Imperatriz provou que ambos podem tocar na mesma sintonia, sem prejuízos, preconceitos ou rivalidades.
Zezé de Camargo e Luciano foram os homenageados. Além da trajetória da dupla, a escola fantasiou (no bom sentido) a vida do homem do campo. A cargo da coreógrafa Deborah Colker, a comissão de frente – bailarinos num palco de chapéu de palha, sendo bicados por um galo – definiu a simplicidade do enredo.
Mas o melhor foi o samba, cujo arranjo mereceu acordes de sanfona. Melodia rica e sofisticada, letra enxuta, é obra de um craque: o veterano Zé Katimba, de 83 anos, que dividiu a autoria com quatro parceiros. É daqueles para se lembrar com o passar dos anos, e não ser esquecido na Quarta-Feira de Cinzas.
A Imperatriz, no entanto, teve um grande problema: veio depois da Portela. Um pós-clímax.
Reza o samba de quadra da Vila Isabel: “Vamos renascer das cinzas”. Foi com este espírito que a escola entrou na avenida. Esquecer o penúltimo lugar do ano passado. Fez direitinho o dever de casa, a começar pelo belo samba-enredo, um dos melhores da safra 2016, o qual tem entre seus autores Martinho da Vila, sua filha Mart’nália e Arlindo Cruz.
Buscou o enredo na vida do político Miguel Arraes (o governador de Pernambuco deposto pelo golpe militar, cujo centenário de nascimento comemora-se em dezembro). Uma opção que é a cara da Vila – agremiação, digamos, mais à esquerda –, permitindo que se falasse de cultura popular (folguedos e arraiais) e revolução social (um dos versos do samba diz: “Despertei o povo para um novo dia / Brotou esperança nos canaviais”).
A São Clemente, levada pelas mãos mágicas da carnavalesca Rosa Magalhães, fez um desfile leve e comunicativo, tendo como tema os palhaços. Pena que um carro apagou, outro parou, e a rainha da bateria, Raphaela Gomes, caiu.
Vamos aos envelopes.
]]>Última a desfilar nesta madrugada de terça-feira (9), a Mangueira manteve o pique do público com seu desfile em homenagem a Maria Bethânia, que completou 50 anos de carreira no ano passado.
A própria estava animadíssima. Dançava e cantava sobre o último carro, que representava o circo. Ao seu lado estavam as filhas de uma amiga, que acompanham Bethânia e são presença certa em seus camarins.
Semanas antes ela disse à Folha que o circo era referência forte para ela desde a infância, quando frequentava um perto de sua casa em Santo Amaro. “Eu pensava: é isso que eu quero ser”, disse a cantora.
Ela também disse, na ocasião, que não tinha boas lembranças da última vez que desfilou na Sapucaí, também pela Mangueira, quando a escola homenageou os Doces Bárbaros. “Eles me colocaram num tripé altíssimo, eu fiquei em pânico o desfile todo.” Naquela vez, a escola não teve sorte.
Quem ficou para ver o desfile provavelmente espera que desta vez seja diferente. O desfile homenageou Bethânia e seu orixá, Iansã. Refletiu o sincretismo, com carros dedicados a Oyá e um altar de devoção católica.
As baianas vieram de Santa Bárbara, sincretizada como Iansã, ou Oyá. Na comissão de frente, uma coreografia das guerreiras da divindade. A escola também quis representar na avenida traços de brasilidade na voz da intérprete. Um setor inteiro celebrava sua obra.
Havia um carro dedicado a “Carcará” e o teatro Opinião, uma ala de corações infláveis citava “Explode Coração”. O carro “Abelha-Rainha” foi o dos famosos.
Homenagearam a intérprete seu irmão Caetano Veloso, o cineasta Andrucha Waddington, Adriana Calcanhotto, Zélia Duncan, Paula Lavigne, Ana Carolina, Renata Sorrah e outros artistas.
O samba rápido e de refrão de fácil assimilação foi pescado rápido pela plateia, que cantou junto.
A Mangueira foi a última escola a entrar no sambódromo no segundo dia de desfile do Rio. Passaram pela avenida nesta madrugada: Unidos de Vila Isabel, Salgueiro, São Clemente, Portela e Imperatriz Leopoldinense.
]]>O presente da Estação Primeira de Mangueira para Maria Bethânia por comemoração dos seus cinquenta anos de carreira foi fazer dela o tema do Carnaval da escola.
Em seis setores, a agremiação fala de elementos que compõem o universo criativo da cantora. “Não vamos fazer uma biografia na avenida. Vamos mostrar quem ela é por meio dos elementos que a caracterizam, do que a inspira”, diz o diretor de Carnaval, Júnior Schall.
“Quando entra na avenida é uma beleza”, disse Caetano Veloso, irmão de Bethânia, que vem em dos carros da escola. Além dele, estão na alegoria a atriz Renata Sorrah e a apresentadora Regina Casé entre outras personalidades.
Bethânia, que desfilará na avenida, colaborou com a concepção do enredo, conversando frequentemente com o carnavalesco, Leandro Vieira.
O desfile abre com o tema da religiosidade e do sincretismo. Um tripé faz referência à sua cidade natal, Santo Amaro (BA).
Em seguida, a escola apresenta alegorias de suas canções, por exemplo, um carro do pássaro carcará, referência à canção de mesmo nome que lançou Bethânia, então com 18 anos, em 1965, no teatro Opinião, no Rio.
“Mel”, escrita por seu irmão, Caetano Veloso, também tem um carro com uma abelha gigante que representa Bethânia, a abelha-rainha. A rainha da bateria é Evelyn Bastos.
A Mangueira é a última escola a entrar no sambódromo no segundo dia de desfile do Rio. Passaram pela avenida: Unidos de Vila Isabel, Salgueiro, São Clemente, Portela e Imperatriz Leopoldinense.
FICHA TÉCNICA
Enredo “Maria Bethânia, a Menina dos Olhos de Oyá”
Carnavalesco Leandro Vieira
Diretor de Carnaval Júnior Schall
Diretor de Harmonia Edson Goes
Intérprete Ciganerey
Mestres de Bateria Rodrigo Explosão e Vitor Arte
Rainha de Bateria Evelyn Bastos
Mestre-Sala Raphael
Porta-Bandeira Squel
Comissão de Frente Júnior Scapin
“Maria Bethânia, a Menina dos Olhos de Oyá”
Raiou… Senhora mãe da tempestade
A sua força me invade, o vento sopra e anuncia
Oyá… Entrego a ti a minha fé
O abebé reluz axé
Fiz um pedido pro Bonfim abençoar
Oxalá, Xeu Êpa Babá!
Oh, Minha Santa, me proteja, me alumia
Trago no peito o Rosário de Maria
Sinto o perfume… Mel, pitanga e dendê
No embalo do xirê, começou a cantoria
Vou no toque do tambor… ô ô
Deixo o samba me levar… Saravá!
É no dengo da baiana, meu sinhô
Que a Mangueira vai passar
Voa, carcará! Leva meu dom ao Teatro Opinião
Faz da minha voz um retrato desse chão
Sonhei que nessa noite de magia
Em cena, encarno toda poesia
Sou abelha rainha, fera ferida, bordadeira da canção
De pé descalço, puxo o verso e abro a roda
Firmo na palma, no pandeiro e na viola
Sou trapezista num céu de lona verde e rosa
Que hoje brinca de viver a emoção Explode coração
Quem me chamou… Mangueira
Chegou a hora, não dá mais pra segurar
Quem me chamou… Chamou pra sambar
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá
Autores: Alemão do Cavaco, Almyr, Cadu, Lacyr D Mangueira, Paulinho Bandolim e Renan Brandão
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