Muita gente botou a cara no sol, na chuva, segurou o xixi por horas, levou pisão adoidado, mas não arredou os pés dos blocos de rua.
Neste fim de semana, lá estavam eles de volta ao front.
Para aguentar tanta folia, nem precisava de superpoderes. “Alegria, amigos e amar o Carnaval. Neste ano, teve outro ingrediente: os blocos surpreenderam. Para o bem”, disse Maysa Pizzuto, 29, produtora de moda, vestida de Mulher-Maravilha, no bloco da Catuaba, um dos que sacramentaram o fim da festa, arrastando uma multidão pelas ruas da Bela Vista (na região central de São Paulo).
O Carnaval dela começou no dia 24 de janeiro com o show de Daniela Mercury. Ao todo, passou por 15 blocos. Mayra criou uma fantasia para cada dia de folia. “São Paulo é carente de atividades ao ar livre. Os blocos supriram parte dessa lacuna”, disse, para complementar: “Teve problemas, é claro. Faltaram banheiros, muitos deles estavam fétidos, e sobrou lixo.”
Pelas contas da prefeitura, cerca de 2 milhões de pessoas passaram pelo Carnaval de São Paulo. Uma pesquisa com foliões mostrou que 64% deles participaram dos blocos de rua pela primeira vez.
Não foi o caso da Mulher-Borboleta, veterana da folia. Sua criadora, a bióloga Carolina Schers, 30, diz que as pessoas estavam mais receptivas. “São Paulo tem essa coisa egoísta, mas o Carnaval mandou tudo pra cucuia.”
Para aguentar tanta farra, ela se alimentava antes e depois da festa. “E muita água”, contou a bióloga, sob sol forte e uma temperatura na casa dos 35ºC desse sábado.
só no ano que vem?
Nem o pé direito enfaixado sossegou a professora Giselle Vasilis, 34, fantasiada de “anjinho de Itu” —ela mede 1,84 m— no Primavera, Te Amo, outro concorrido bloco de sábado, em Pinheiros.
“Fui para o Rio. No meio do Sargento Pimenta, pisei em cacos de vidro. Levei cinco pontos”, contou. O incidente não permitiu que ela caísse no samba. “Vou no truque. Dou meus rebolados”, brincou. “Prefiro a dor no pé do que a dor na alma, em casa.”
A cerca de 20 passos dali, a estudante Carolina Guimarães, 20, já exibia a cútis corada depois de ficar três dias sem comer e parar no hospital por causa de uma infecção alimentar que pegou no Rio.
“Foi punk, mas estou recuperada. Não dava para perder esse Carnaval”, disse.
Na tarde ensolarada de domingo (14), o bloco Unidos do Swing anunciava na avenida Paulista o que nenhum folião queria acreditar: todo Carnaval tem seu fim. “O fenômeno dos blocos não vai estacionar”, defendeu o estudante Luiz Caturelli, 22. “O lugar deles —e o nosso— é nas ruas.”
Para essa turma, a contagem regressiva para o Carnaval 2017 já começou.
]]>No último dia oficial de blocos de Carnaval em São Paulo, os foliões da cidade não parecem ter desanimado –pelo contrário. Sob o sol forte do meio dia, milhares de jovens se reuniam na avenida Faria Lima no Bloco Vou de Táxi.
O público é formado principalmente por universitários procurando extrair o máximo do pós-Carnaval.
“Estive no Carnaval inteiro, aí de quarta a sexta foi meio morto. Hoje tô aqui pra acabar o Carnaval direito”, diz Karina Melo, 19, que faz engenharia na Uninove e não parece preocupada com o começo das aulas nesta segunda. Ela, que já foi fantasiada de sereia e de gata em outros blocos, hoje ostenta o chifre e o cabelo prateado de um unicórnio.
O clima é de uma balada ao ar livre. O ator Ygor Thauan, 19, conta que veio para o bloco direto depois de passar a noite numa festa.
“Estamos aqui pra conhecer mais gente, hétero, homo, bi, tudo”, diz ele, que pouco antes requebrava ao som de axé em cima do carro de som. “O Carnaval acabou, mas não acabou, né?”
O carro ocupa uma das vias no encontro da avenida Pedroso de Morais com a avenida Brigadeiro Faria Lima, tocando de sucessos do ritmo baiano a rock nacional, passando por funk do começo dos anos 2000. A proposta é trazer para a multidão de vinte e poucos anos músicas dos anos 90, infância da maioria deles –a começar pelo sucesso de Angélica que dá nome ao bloco.
Muita gente veio ao Vou de Táxi a caráter, de camiseta amarela ou boina de motorista. E quem não veio pode comprar de dezenas de ambulantes uma tiara com sinal de táxi por dez reais (mesmo preço da coroa de flores, também abundante).
No menu, além de cerveja, os foliões podem beber a onipresente catuaba e itens mais elaborados, como vodca com energético e suco de cranberry (a dez reais). Há boa oferta de banheiros químicos. Estacionamentos da região aproveitam também para oferecer banheiros a R$ 5.
A concentração estava marcada para as 10h, e três horas depois o bloco reunia 5.000 pessoas (estimativa da PM).
A partir das 13h30, perto do momento em que o DJ deu lugar a uma banda ao vivo, o público do Vou de Táxi dobrou. O bloco tomou as duas vias da avenida Brigadeiro Faria Lima ao longo de quase toda sua extensão.
Um grupo de ciclistas teve que descer das bicicletas e empurrá-las para atravessar a avenida porque o bloco ocupou o espaço das ciclovias. Irritados, dizem que o tráfego de carros não é o único prejudicado.
Entre o mar de bexigas e chapéus amarelos, distribuídos pela organização, os foliões não economizaram na criatividade. Entre um grupo fantasiado da personagem Minnie Mouse, da Disney, e outro de homens com roupas de fada e tutu rosa, destacou-se um grupo de universitários fantasiados do aplicativo Uber.
Quatro homens vestindo um carro preto de papelão em volta da cintura estavam acompanhados de mulheres com o símbolo do aplicativo na camisa e olhos roxos –em referência às recentes agressões sofridas por motoristas do Uber por parte de taxistas.
“A gente viu toda essa confusão que teve com o Uber. Pensamos ‘se vamos no bloco Vou de Táxi, vamos na contramão'”, diz Vitor Vitorello, 22, estudante de direito da Universidade de São Paulo (USP).
O clima de festa universitária do bloco ficou mais forte às 14h30m quando começou a apresentação da Bateria S/A, da Faculdade de Economia e Administração da USP, uma das maiores baterias universitárias do país. A partir de então, o bloco foi tomado por sambas e releituras das músicas pop atuais no ritmo do Carnaval.
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“Vai uma cervejinha aí?”, pergunta uma mestranda em história em meio a uma multidão num bloco de Carnaval de São Paulo. A poucos metros dali, um grupo de designers segura uma placa anunciando a venda de geladinhos.
Paulistanos aproveitaram a demanda por bebida no Carnaval para conseguir uma graninha extra. Alguns deles atribuem a adoção desse emprego temporário à crise no país; outros, à oportunidade de juntar diversão e renda num mesmo evento.
“A gente já vinha para se divertir. Aproveitamos para vender também”, diz Camila Lazarim, 28, formada em turismo e atualmente desempregada. Ela acompanhava a amiga —que faz mestrado em história e não quis ser identificada por medo de perder sua bolsa de estudos— no bloco Tô de Bowie, na terça (9).
Com os shots de gelatina batizada (R$ 1) e geladinhos de catuaba (R$ 3), conseguiram R$ 200 em dois dias. “Mas a gente bebe um pouco do dinheiro”, ri Lazarim.
O grupo de dez designers, por sua vez, conseguiu cerca de R$ 1.000 com a venda de geladinhos de catuaba, caipirosca e mojito nos seis blocos a que foi. O objetivo é arrecadar recursos para um encontro regional da profissão em São Paulo, explica a designer Carolina Domingues, 24.
A atriz Bruna Damião Lopes, 29, colou adesivos do símbolo de sua profissão, as máscaras teatrais, ao cartaz em que anuncia a venda de cervejas. “Não conseguimos sobreviver da arte e temos que fazer isso”, diz ela, credenciada pela prefeitura para essa função. “Pensava: ‘Se um dia eu ficar na pior, vou fazer isso sem vergonha nenhuma’. E foi o que aconteceu.”
Ela, o marido e mais cinco amigos foram juntos aos blocos em dois carros e se espalharam entre os foliões. Os R$ 2.000 arrecadados por ela até a última sexta (12), quando foi a um bloco no centro de São Paulo, servirão para pagar o aluguel e as contas de casa. No ano que vem, diz, não quer estar mais no Brasil porque “tá complicado”.
EMPREENDORISMO
Para Luiz Carlos Prestes Filho, que estuda a economia do Carnaval, a festa “mexe com o espírito empreendedor”, principalmente no Rio, onde o fenômeno já é observado. “Frente à crise, o brasileiro está buscando outras oportunidades de complementação de renda”, diz.
As amigas Bruna Santos, 26, e Marília Moura, 27, se inscreveram juntas na prefeitura “só para ganhar um dinheiro a mais”, ideia que tinham desde o ano passado.
Conseguiram pelo menos R$ 5.000 cada, em cerca de 15 blocos. Santos, formada em administração, estuda para concurso. Moura trabalha com importações. “Agora, sempre que der, vamos vender em diferentes eventos, como shows”, diz ela.
Três meninas perceberam outro tipo de demanda nos blocos de Carnaval de São Paulo. “Muita gente vai muito básica, sem usar fantasia. Vimos que era uma boa oportunidade para oferecer um serviço de maquiagem”, diz a publicitária Clarissa Machado, 28, demitida em 2015 da agência onde trabalhava.
Por R$ 10 a R$ 15, ela e duas amigas oferecem pintura com glitter, cola de cílios e outros desenhos no rosto. Segundo ela, no bloco Tô de Bowie, a procura foi tanta que os foliões chegaram a marcar horário. Até sexta, tinham conseguido um total de R$ 500. Ainda vão trabalhar no pós-Carnaval. “E em 2017 vamos voltar ainda mais estruturadas”, afirma Machado.
“Como estava precisando de uma grana para compensar uns gastos inesperados [pneu da moto que furou, cartão de crédito com dívida da viagem de fim de ano], fiquei entusiasmada para vender”, diz Gabriela Capo, 23, formada em jornalismo e responsável pelas redes sociais de uma agência de publicidade.
Só que a empreitada não foi bem-sucedida. Ela não vendeu o suficiente para cobrir seu investimento, feito não por causa da crise, segundo ela, mas para “tirar onda mesmo, aproveitar a festa para sair na vantagem”.
]]>Nem popozuda, nem siliconada. Quem bombou neste Carnaval foi uma mulher de cabelos brancos e lisos, vestida de preto, que, sem lantejoulas nem penas, ditou o ritmo da folia nas redes sociais.
Aos 63 anos, graças à criação de uma personagem que incorpora o espírito da saudosa Rê Bordosa dos quadrinhos de Angeli, a atriz Vera Holtz foi reconhecida pela galera jovem como a musa da festa de Momo. Numa sequência de 11 cliques, que começou a ser postada na sexta-feira (5), Vera, contracenando com um portentoso copo de chá de boldo, vai mostrando a sua transformação sob os efeitos do álcool.
A cada nova foto, a atriz aparentava estar um pouco mais bêbada. Nem por isso desistia da brincadeira: ia tomando o milagroso chá, que, a bem da verdade, não parecia estar curando o porre.
Depois de aparecer, com a maquiagem borrada, escorregando por trás de uma mesa, surge de cara limpa e óculos escuros, na última foto, com um buquê de folhas de boldo —com o perdão da infâmia, a verdadeira Rê Boldosa.
Foi o bastante para que as ruas ganhassem foliões fantasiados com as típicas folhas lanceoladas da planta, segurando canecas de chá. As imagens extrapolaram a folia. Viraram “meme” nesta semana. Uma enxurrada delas pipocou nas redes sociais.
As fotos inusitadas despertaram a curiosidade dos internautas. Afinal, como surgem essas postagens?
“Não é algo explicativo. É criativo”, responde a atriz, formada em artes plásticas. “Sou da época do mágico, do secreto”, diz, tentando mostrar de onde vem tanta criatividade. “O mais interessante para mim é o retorno”, acrescenta, satisfeita com a repercussão da brincadeira.
A sequência do boldo, que também virou “GIF”, obteve quase 200 mil curtidas no Instagram. Na página do Facebook, a atriz já atrai cerca de 400 mil seguidores.
Sobre o processo criativo, Vera faz uma reflexão: “Às vezes, fico marinando [uma ideia], jogo para o meu inconsciente, até sonho, mas, geralmente, é uma criação elaborada racionalmente. Estudo o olhar, o comportamento”. Sem teorizar muito, sintetiza: “O bacana é que as pessoas tenham suas interpretações sobre o que está ali. Se eu der a minha versão, elas vão deixar de refletir”.
Quem participa da criação, produz, fotografa e filma a atriz nessas cenas engraçadas é Renato Santoro, arquiteto paranaense que reformou o apartamento dela no Rio e em São Paulo e que virou seu amigo há seis anos. “Ele tem o olhar, o ângulo”, diz Vera, responsável pela concepção do projeto. O cineasta Evaldo Mocarzel atua como “consultor conceitual das séries”. Outro amigo, Marcos Froner, é o “social media manager”: cria e cuida da agenda de publicações.
Não foi só o boldo que fez de Vera Holtz inspiração para esses dias de festa. Outras fotos, em que aparece com inusitados coques, serviram de modelo para muitos foliões, que copiando o visual da atriz, desfilaram pelas ruas de todo o país com a cabeça encimada por curiosos adornos: estrela natalina, camisinhas infladas, tíquetes de metrô, baguetes e até uma pomba preta —o “Hitcoque”.
BAILE PERFUMADO
A Santana, de “Mulheres Apaixonadas” (2003), e a Mãe Lucinda, de “Avenida Brasil” (2012), entre tantos outros personagens queridos do público, fizeram que surgisse um bloco de Carnaval para homenagear a atriz. O #AmigosdaVeraHoltz saiu em Santa Cecília (região central).
Vera não estava de corpo presente, mas, como ela própria diz, em “espírito”. Conta que acompanhou tudo o que os foliões postavam.
“Foi um presente. Entrei em comunhão”, emociona-se. “Fiquei quietinha, repassando os Carnavais da minha vida, numa casinha menor que tenho junto a uma maior, em Tatuí.” Com tom nostálgico, lembrou-se do primeiro saco de confetes e do lança-perfume, aos três ou quatro anos de idade: “Papai comprava para mim e para minhas três irmãs. O lança-perfume não era para cheirar.
A gente jogava nas costas das pessoas. O salão de Tatuí ficava todo perfumado. Era uma festa lúdica”.
A mais famosa das tatuienses dá sinais de que se diverte —e muito— com suas postagens: “Alguns seguidores até criaram uma dramaturgia em cima das fotos. Gosto dessa dinâmica da troca”.
E avisa: “Se eu sumir por um tempo, é porque estou em processo criativo”. Os internautas podem esperar: daquela cabeça jovem, coberta por uma vistosa cabeleira branca, uma nova série deve brotar antes da Páscoa.
“Essa é minha música”, gritava uma menina toda coberta de glitter dourado ao ouvir os primeiros acordes de “Crazy In Love”, de Beyoncé, vindo de um trio elétrico na rua Frei Caneca, no centro paulistano.
Dois blocos levaram milhares de pessoas à via da Bela Vista conhecida pela concentração de bares e baladas gays. Ausentes da folia, policiais nem poderiam ajudar a estimar a quantidade de gente espremida ali.
A grande maioria dos foliões ia atrás do trio Meu Santo É Pop, mas uma multidão também dançava e cantava ao som de Wesley Safadão no Bloco da Catuaba, que se concentrou na altura da rua Matias Aires —esse ponto da Frei Caneca, aliás, virou um grande lixão com garrafas acumulando nas calçadas.
Ao longo da rua em direção ao centro, festeiros faziam xixi nos carros estacionados e nas portas das casas —só quatro banheiros químicos estavam disponíveis perto do shopping Frei Caneca.
Mas isso não parece ter incomodado. Ouvindo clássicos das pistas de dança de Beyoncé, Rihanna, Britney Spears e Lady Gaga, foliões faziam ali no asfalto as mesmas coreografias dos clipes das divas do pop.
Nas janelas dos prédios, os mais empolgados acompanhavam a festa. Um rapaz só de cueca e grandes fones de ouvido se esforçava para chamar a atenção pendurado para fora do segundo andar de um sobrado. Na rua, lixeiras, bancas de jornal e caçambas viraram mobiliário para exercitar coreografias mais ousadas.
Influência geek onipresente, roupinhas do Mario, o encanador do videogame Super Mario, apareciam em grande número, vestindo rapazes e meninas.
Mais ousado, um menino foi de cadeira dos irmãos Campana, aquela que a dupla de designers cobriu de bichinhos de pelúcia amontoados.
Além de “Poker Face”, de Lady Gaga, o público ia ao delírio sempre que tocava algum funk, saindo em debandada em direção ao trio elétrico e atropelando moradores da rua com suas sacolas de compras.
]]>O Carnaval deste ano terminou com 106 mortos em acidentes de trânsito nas rodovias federais do país, número 8,6% menor do que o registrado no mesmo período de 2015.
De acordo com o balanço divulgado pela Polícia Rodoviária Federal nesta sexta-feira (12), houve queda de 58% na taxa de batidas consideradas graves –quando ao menos uma pessoa morre ou fica gravemente ferida. Esse percentual é calculado levando-se em consideração o total de acidentes desse tipo por milhão de veículos em circulação.
Ainda segundo a Polícia, os índices de ocorrências nas estradas federais alcançaram a meta estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas) de redução em 50% do quantitativo de mortos no período de 2010 a 2020.
Presente à divulgação dos dados, em Brasília, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) classificou o balanço de feriado deste ano como o melhor das últimas décadas. “De 2011 para cá, há uma queda brutal. Quando peguei o ministério, era uma linha ascendente (de acidentes), isso nos preocupava. Agora, há numa linha descendente, superando as nossas expectativas”, comemorou Cardozo.
A PRF registrou 185 colisões graves durante o Carnaval, bem abaixo das 413 vistas no feriado do ano passado. O número de feridos também reduziu: de 1.849 para 1.643, neste ano. O quantitativo absoluto de acidentes, de maior e menor dano, passou de 2.824, em 2015, para 1.704.
EMBRIAGUEZ
A Operação Carnaval durou de sexta (5) a quarta-feira (10) e flagrou 1.347 motoristas embriagados, sendo que 162 acabaram presos por apresentarem índices de alcoolemia superiores a 0,3 miligrama por litro de ar. Nesses casos, a pena varia de seis meses a três anos de prisão, e a multa cobrada a quem dirige sob efeito de álcool é de R$ 1,9 mil.
“Fizemos importantes modificações nessa área de legislação e intensificamos a fiscalização. Não adianta haver a lei se não houver fiscalização preventiva, então pessoa não bebe porque sabe que pode haver fiscalização ali na frente”, comentou o ministro.
]]>Todo Carnaval tem seu fim. Mas, em 2016, está difícil para o paulistano se despedir. Para aquela última chance de viver debaixo de purpurina, o Alalaô fez uma seleção de blocos que arrasaram quarteirões —da Vila Mariana, de Pinheiros, do Centro— e voltam para a ressaca de Carnaval.
Para começar, neste sábado (13), a partir das 12h, o bloco Primavera, Te Amo manda pagodinhos dos anos 1990, sambas e música pop aos foliões em frente ao Pirajá. O cortejo segue até o largo da Batata.
Já no domingo (14) o bloco do Santo Forte, derivado da festa de mesmo nome, segue para o Mirante 9 de Julho a partir das 14h. Criado por Tutu Moraes há 11 anos, o evento combina destaques da música brasileira, marchinhas e tecnobrega paraense.
No próximo sábado (20), o bloco Casa Comigo vai até a Mooca promover a Lua de Mel do Casa Comigo. A organização descreve o evento como uma “festa entre quatro paredes”, mas com o charme de rua. Isso porque, ao invés de circular no espaço público, o bloco concentra no espaço Nos Trilhos, a partir das 18h. Dessa vez, a entrada é cobrada —R$ 50, o terceiro lote. Programe-se, pois não haverá venda de ingressos na porta.
O bloco de axé que fez sucesso pelas ruas do centro convoca os foliões para “ralar o tchan mais um pouco” em outra ressaca de Carnaval “indoor”. Em uma parceria com a casa Jongo Reverendo, o Domingo ela não vai se apresenta no Estudio, em Pinheiros, a partir das 17h do domingo (21).
Combinando alguns dos maiores blocos do Carnaval de rua do Rio de Janeiro, o sambódromo do Anhembi prepara um festão para 5 de março. Intitulado Lá Vou Eu – Ressaca de Carnaval, reúne Monobloco, Sargento Pimenta e Carrossel de Emoções, além de alguns DJs, a partir das 17h. Os ingressos já estão no segundo lote.
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Pela primeira vez, o Carnaval foi marcado por campanhas que se popularizaram nas redes sociais pedindo respeito às mulheres, esclarecendo a diferença entre paquera e assédio e até ensinando passo a passo aos homens como “não ser um canalha”.
Nem terminada a festa, porém, já surgiam relatos de agressões no Rio, São Paulo e Salvador, onde 461 casos de violência contra mulheres foram registrados por órgão municipal.
Na tarde de sábado (6), S.F., 16, descansava em um banco ao lado de uma amiga durante um bloco em Ipanema, na zona sul do Rio, quando foi abordada por dois homens.
“Eles começaram a passar a mão na gente e a perguntar: ‘O que vocês estão fazendo aqui sentadas se não querem nada?’”, afirma a estudante.
Outros homens que pareciam ser do mesmo grupo surgiram, relata. “Um deles, muito alto e forte, me deu um tapão no pescoço com força e eu caí. Não tem muito o que fazer porque a gente denuncia e não acontece muita coisa. Todo mundo acha natural porque é Carnaval, então pode tudo. Sempre amei Carnaval, mas esse ano só senti uma tristeza enorme”, diz.
Poucas semanas antes, a revista “AzMina” havia lançado a campanha #CarnavalSemAssédio, em parceria com o bloco feminista carioca Mulheres Rodadas e outros grupos. O objetivo era explicar didaticamente aos homens como se comportar de maneira respeitosa nos desfiles.
São diversos exemplos de assédio, segundo a cartilha lançada pelo grupo, como: puxar pelo cabelo, agarrar o braço e machucar a mulher.
Foi o que aconteceu com uma das integrantes do Mulheres Rodadas. Ela relatou ter levado um soco de raspão, na madrugada de sexta-feira (5), no Rio, ao tentar defender outra mulher que estava sendo assediada em um ônibus.
Segundo nota divulgada pelo grupo, o agressor dizia que ela estava defendendo uma “piranha” e que seria inútil “se aproveitar da Lei Maria da Penha”. Ele ainda teria ameaçado estuprá-la.
Nesta quarta (10), o grupo foi à rua, com placas dizendo “meu corpo é área restrita”.
Nana Queiroz, 30, diretora-executiva da “AzMina”, diz que é o primeiro Carnaval em que o assédio é abordado de maneira enfática pela sociedade, na esteira de outras campanhas feministas que surgiram em anos anteriores, como o Chega de Fiu Fiu.
“O Carnaval é o máximo da festa popular, e o corpo da mulher sempre foi visto como algo público nessa festa”, diz. “Você não pode usar o corpo de uma mulher como usa um banheiro químico.”
Há casos em que o assédio é seguido de reação.
A insistência foi tanta que a gaúcha Fernanda Nocchi, 23, deu um tapa no rosto do assediador. Ela estava com uma amiga na Vila Madalena, bairro da zona oeste de São Paulo, que lota no Carnaval.
“Ele chegou já nos tocando, dizendo que éramos muito lindas. Pedi licença”, diz.
As duas, então, deram as mãos e disseram ser um casal. Ela afirma que, depois disso, o rapaz teria exigido um beijo entre elas como prova. “Não temos que provar nada”, ela respondeu. “Ele me xingou e ainda passou a mão na minha bunda.” O tapa, diz ela, foi “reflexo, instinto”.
Um relato de uma estudante fez com que a página do bar Quitandinha, no mesmo bairro, ficasse repleta de comentários negativos.
Segundo seu depoimento no Facebook, ela estava com uma amiga no bar quando foi abordada por dois rapazes que as xingaram após terem a a investida recusada.
“Chamamos o garçom e pedimos para ele afastar os caras. Nada foi feito.” No final, diz, as amigas acabaram expulsas do bar, que teria defendido os agressores.
O bar se defendeu na rede social, afirmando que trabalha para descobrir o que aconteceu e “responsabilizar os culpados”. A Folha entrou em contato com o proprietário, que indicou a assessoria de imprensa do estabelecimento. Esta, porém, não foi localizada nesta quarta (10).
Outro caso de assédio acabou em violência e com o suspeito preso. De acordo com a polícia, um cabeleireiro de 30 anos agrediu com socos, chutes e cabeçadas uma mulher de 24 anos na rua da Consolação (centro) após participarem do desfile de um bloco.
Ela teve hematomas e o nariz fraturado. Os dois são namorados, segundo a Secretaria da Segurança Pública.
Para coibir casos como esse, três mulheres criaram a campanha “Apito Contra o Assédio” em São Luiz do Paraitinga, no interior paulista. Cerca de 5.000 apitos foram distribuídos durante o Carnaval.
A ideia é simples: quando um homem ultrapassar os limites, a mulher apita, indicando que precisa de ajuda.
“Estamos cansadas de aceitar o assédio. Sempre aconteceu, só que agora resolvemos falar”, diz a professora Marina Gabos, 25, uma das organizadoras. Para ela, uma nova geração está disposta a mudar essa cultura. “A gente também gosta de paquerar, mas não é que tudo pode. Não pode por a mão no meu corpo se eu não estou a fim.”
]]>O número de acidentes com morte nas estradas paulistas teve queda de 19% neste Carnaval em comparação com o mesmo feriado do ano passado.
Segundo balanço divulgado pela SSP (Secretaria da Segurança Pública), foram registradas 17 mortes entre os dias 5 e 10 de fevereiro, contra 21 casos ocorridos durante o Carnaval de 2015.
A quantidade de óbitos, segundo a pasta, é a menor desde o Carnaval de 1994, ano em que a Polícia Rodoviária começou a fazer o levantamento.
Ainda segundo a SSP, nenhum dos casos de morte no trânsito foi registrado como homicídio doloso –quando o motorista assume o risco de matar.
O número de acidentes totais também teve redução, ainda que ligeira, na comparação com 2015, passando de 895 casos para 890 –ou 0,5% menos ocorrências.
NÚMEROS
Durante a Operação Carnaval, realizada pela Polícia Rodoviária, foram registradas 20.193 autuações administrativas –3.700 pelo não uso do cinto de segurança e cadeirinhas para crianças, 2.111 por ultrapassagem proibida e 1.463 por direção sob efeito de álcool.
Foram retirados de circulação 561 veículos e apreendidos 3.184 documentos. Outros 23.100 motoristas foram multados por excesso de velocidade.
CRIMES
Na cidade de São Paulo, segundo a SSP, o número de latrocínios (roubo seguido de morte) caiu pela metade durante os festejos na comparação com o ano anterior.
A quantidade de roubos em geral teve queda de 23, 9%, e a de roubo veículos, de 20,2%.
No 14º DP, que recebe as ocorrências da região da Vila Madalena, foram registrados dez furtos, seis roubos, cinco casos de embriaguez ao volante e 32 termos circunstanciados por porte de entorpecentes.
Outros 87 foliões da região registraram furtos e oito reclamaram roubos pela delegacia eletrônica, na internet.
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