PAULO GOMES
DE SÃO PAULO
A derradeira noite do Carnaval de rua em São Paulo foi também a mais curta em termos de folia. Como era de se esperar, o clima na cidade era de fim de festa, mesmo em horários em que nos outros dias ainda havia um número considerável de pessoas nas ruas.
Na Vila Madalena, a menor adesão do público levou vendedores de bebidas a baixarem seus preços. “Skol, três por R$ 10”, grita um ambulante antes da 0h da Quarta-Feira de Cinzas (10). Nos dias anteriores, uma lata de cerveja era vendida por R$ 5.
A baixa presença fez com que a operação de dispersão organizada pela Polícia Militar começasse antes e fosse mais rápida. Segundo a tenente-coronel Dulcineia Oliveira, por volta das 23h de terça (9) as pessoas começaram a deixar a região dos bares na rua Aspicuelta.
Às 23h40, teve início a dispersão a partir da rua Wisard e a operação foi encerrada em uma hora –levando 30 minutos a menos do que nas duas madrugadas anteriores e liberando as ruas da região 50 minutos mais cedo.
No largo da Batata, o rolezinho da véspera deu espaço a uma roda de samba consideravelmente menor, que ocorria enquanto caminhões desmontavam parte da estrutura montada para o Carnaval.
O jovem Fernando Meirelles, 18, encerrava sua noite por volta da 1h30 de quarta. “Estamos na rua desde às 15h, 16h. Estou indo pra casa”, diz Meirelles. Ele refuta a hipótese de menor animação do público, no entanto. “Sempre vai ter rolê, mesmo que não seja algo regulamentado. O pessoal dá um jeito, vai para algum lugar, tem a (praça) Roosevelt.”
Na Roosevelt, como o rapaz avisou, a festa não parecia ter hora para acabar. Um grupo de aproximadamente 40 pessoas numa das escadas da praça dançava ao som de música eletrônica vinda de uma caixa de som. Na praça, ao menos três diferentes rodas de música com violão e instrumentos de percussão animavam os mais de 400 presentes.
A alguns metros, quatro imigrantes oriundos da Guiné-Bissau, no oeste africano, observavam as pessoas fantasiadas dançando. “É muito diferente do Carnaval no meu país”, diz Umaro Djaló, 32 anos, dois deles no Brasil.
“Lá é uma festa mais tradicional, com desfile na rua. As pessoas usam as roupas características de suas etnias e cada grupo tem sua dança típica”, afirma, para em seguida ilustrar o que diz com um vídeo no YouTube.
BAILE FUNK NA CASA VERDE
No reduto da escola de samba campeã, na zona norte, nada de samba. A quadra da Império de Casa Verde estava fechada às 2h45, com muito lixo no entorno. A poucos metros, um baile funk a céu aberto fechava o trânsito na avenida Engenheiro Caetano Álvares.
Seis carros com alto-falantes nos porta-malas tocavam funk alto, competindo entre si, já que cada um tocava uma música diferente. Ao menos o dobro de veículos tinha a estrutura de um bar montada nos seus porta-malas, emoldurados por filetes luminosos monocromáticos –azul em um, verde em outro e rosa em um terceiro.
Não havia qualquer sinal de serviço de limpeza como o empregado em bairros mais nobres da capital ou de atuação policial para preservar o sono dos moradores locais.