LUIZA FRANCO
DO RIO
Minutos após o anúncio de vitória da Mangueira no Carnaval 2016, as ruas do morro da Mangueira, na zona norte do Rio, já estavam tomadas por verde e rosa.
Os bares tocavam o samba que homenageou a cantora Maria Bethânia e mangueirenses sambavam pela rua. “Isso sim é escola de samba! Estávamos com esse título engasgado”, dizia Mayara Brandão, 28, que nasceu e cresceu na favela.
Ela se referia ao fato de que o último título que a escola venceu foi em 2002. “A Mangueira representa toda a cultura brasileira num lugar só. Mistura ricos, pobres, é sinônimo do Carnaval carioca. É pura tradição”, dizia a mangueirense, entre lágrimas.
Na quadra, lotada, o canto era “o campeão voltou”. Os portões foram abertos e, logo, a rua e o viaduto em frente à quadra também estavam tomados de gente. Do alto do morro, soltavam fogos.
Durante a apuração, a escola ficou empatada com a Salgueiro até os últimos quesito.
Quando ficou claro que não havia mais chance de a escola da Tijuca se recuperar, presidência e diretores da escola começaram a derramar lágrimas.
Na arquibancada, a torcida mangueirense, a mais expressiva, cantava o samba deste ano. “Quem me chamou / Mangueira! / Chegou a hora, não dá mais para segurar / Quem me chamou / Chamou pra sambar / Não mexe comigo eu sou a menina de Oyá”.