Após uma apuração marcada por confusão, a escola Império de Casa Verde foi consagrada campeã do Carnaval de São Paulo.
Com o tema “Império dos Mistérios”, a escola, que desfilou na segunda noite de apresentações, não fugiu de sua tradição e trouxe carros grandiosos para o Sambódromo do Anhembi, na zona norte da capital paulista.
O carnavalesco da Império, Jorge de Freitas, disse que o que fez a diferença foi o trabalho. “A império tinha uma comunidade muito forte que tinha que ter uma pessoa que incentivasse e mostrasse que eles eram capazes. Faltava essa pessoa. E graças a Deus me deu esse dom e fomos campeões”, disse o carnavalesco, em seu primeiro ano na escola.
“O diferencial do nosso Carnaval é que nós começamos a nos organizar e preparar muito cedo. Desde abril, fizesse sol ou chuva, a comunidade estava trabalhando”, diz Celsinho, diretor de Carnaval da escola. “O nosso presidente vai providenciar um caminhão de cerveja para a nossa comunidade, que hoje pode se acabar de comemorar”, completou.
A taça de campeã do Carnaval 2016 chegou à quadra da escola por volta das 18h40, quando já estava tomada por integrantes e dirigentes.
A Império foi protagonista de um dos tumultos que marcaram a apuração da tarde desta terça-feira (9), após um dos juízes não dar nota para a escola no quesito evolução. Com isso, a nota mais alta no quesito foi duplicada, ficando a escola com duas notas 9,7 e outras duas 10 neste critério.
O presidente da Acadêmicos do Tatuapé, Eduardo Santos, comemorou um segundo lugar inédito. “É uma grande emoção. Em 63 anos, é a primeira vez que a Tatuapé estará no desfile das campeãs. Infelizmente, como segunda colocada em função de tudo que aconteceu aqui, de notas não atribuídas”, disse.
A presidente da Mocidade, Solange Bichara, criticou o clima de confusão durante a apuração. “Quanto a esse tipo de situação, é lamentável. Não é o que eu quero para minha escola e o que eu gostaria de ver no Carnaval de São Paulo”, disse.
Sobre as notas, ela afirma que vai analisar ainda as justificativas dos jurados. “Eu acho que foi um Carnaval atípico onde todo mundo errou e todo mundo acertou. E parabenizar quem ganhou pois não é fácil fazer Carnaval. O importante é que a Mocidade fez um grande espetáculo e que é isso que importa”, afirmou.
A terceira colocada foi a Mocidade Alegre. Já as duas últimas colocadas foram Pérola Negra e X-9 Paulistana, que serão rebaixadas para o Carnaval do próximo ano.
APURAÇÃO
Além da falta de uma das notas da Império, um juiz também não creditou nota para a Dragões da Real no quesito harmonia. Com isso, alguns dirigentes se revoltaram, o que levou a uma pancadaria generalizada entre integrantes das escolas, seguranças e policiais.
A apuração chegou a ser interrompida por cerca de 20 minutos. Dirigentes e integrantes da Unidos de Vila Maria saíram do local de apuração em protesto e disseram que não acompanharão o restante da apuração. No meio da confusão, um integrante da escola chegou a ser imobilizado e saiu detido por policiais civis.
Além da não atribuição de notas, a escola também questiona duas notas 9,5 recebidas no quesito evolução. “A escola veio perfeita”, diz o dirigente Marco Bianchini.
O presidente da Liga das Escolas de Samba de São Paulo, Paulo Sérgio Ferreira, o Serginho, disse que os dois jurados justificaram a não aplicação das notas, mas não deu mais detalhes. “O critério de julgamento já tem essa previsão, ele só esqueceu de colocar uma nota. Ele justificou”, disse o presidente.
De acordo com ele, os jurados que não atribuíram notas terão a atuação verificada e, eventualmente, podem sofrer punições. “Temos que pegar as justificativas dos julgadores e analisar amanhã”, disse.
Serginho afirmou ainda que as confusões desta terça aconteceram porque é “um momento que mexe com a emoção”.

DESFILES
A primeira noite de desfiles, na sexta-feira (5), ficou marcada pela apresentação da Rosas de Ouro e seu enredo sobre tatuagem.
A própria presidente da escola, Angelina Basílio, entrou na onda e se tatuou. “Nosso desfile foi melhor do que imaginávamos”, disse. “E acabou o meu dinheiro”, brincava ela nos bastidores do espetáculo, enquanto era consolada e parabenizada por dirigentes de outras escolas.
Em um carnaval carente de celebridades, a rainha da bateria da escola, Ellen Rocche, foi quem mais disputou os flashes de fotógrafos profissionais e também de foliões.
Com exceção de um problema com refletores, que atrasou o início do evento, nada atrapalhou a folia.
A segunda noite do Carnaval paulistano teve como destaques Mocidade Alegre e Vai-Vai, que trouxeram sambas fáceis de cantar e baterias ousadas para a avenida. O espetáculo também foi marcado por um acidente com ferido, problemas com carros alegóricos e bate-boca.