A nata da malandragem entra em cena no desfile do Salgueiro, atual vice-campeã do Carnaval. Inspirado em “A Ópera do Malandro” (1978), de Chico Buarque, a vermelho e branca da Tijuca destaca o caráter romântico dessa figura carioca.
O Carnaval do Salgueiro abre o desfile com um carro que mostra um encontro da ópera clássica com a popular –o desfile na avenida.
A escola mostra “tipos” de malandro: o da Lapa, do cabaré, da boemia, o conquistador, filósofo de botequim, do jogo da sorte. Um carro traz uma réplica da estátua “O Pensador” (1902), de Rodin (1840-1917), vestido de malandro.
A atriz Viviane Araújo é a rainha da “Furiosa”, como a bateria do Salgueiro é conhecida. Estreante, a funkeira Ludmilla é musa da escola carioca.
O carro “Filosofia de bar”, o quinto a entrar na avenida, faz uma homenagem a três personagens da malandragem carioca: Bezerra da Silva, autor de frases como “Quem defende bandido é advogado”, Moreira da Silva e Dicró, famoso por ter dito: “No lugar onde moro, até ladrão tem medo de ir”.
As fantasias abordam a malandragem e os meandros da noite. A agremiação já foi nove vezes campeã do Carnaval, a última em 2009.
Antes do Salgueiro, passou pelo sambódromo a Unidos de Vila Isabel. Desfilam ainda nesta madrugada São Clemente, Portela, Imperatriz Leopoldinense, Mangueira.
FICHA TÉCNICA
Enredo “A Ópera dos Malandros”
Carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage
Diretor de Carnaval Regina Celi, Dudu Azevedo e Renato Duran
Diretor de Harmonia Siromar Carvalho, Tia Alda e Jô Casemiro
Intérprete Serginho do Porto e Leonardo Bessa
Mestres de Bateria Marcão
Rainha de Bateria Viviane Araújo
Mestre-Sala Sidclei
Porta-Bandeira Marcella Alves
Comissão de Frente Hélio Bejani
“A Ópera dos Malandros”
Laroiê, mojuobá, axé!
Salve o povo de fé, me dê licença!
Eu sou da rua e a lua me chamou
Refletida em meu chapéu
O rei da noite eu sou
Num palco sob as estrelas
De linho branco vou me apresentar
Malandro descendo a ladeira… Ê, Zé!
Da ginga e do bicolor no pé
“Pra se viver do amor” pelas calçadas
Um mestre-sala das madrugadas
Ê, filho da sorte eu sou
Vento sopra a meu favor
Gira sorte, gira mundo, malandro deixa girar
Quem dá as cartas sou eu, pode apostar!
O samba vadio, meu povo a cantar
Dia a dia, bar em bar
Eis minha filosofia
Nos braços da boemia, me deixo levar…
Eu vou por becos e vielas
Eu sou o barão das favelas
Quem me protege não dorme
Meu santo é forte, é quem me guia
Na luta de cada manhã, um mensageiro da paz
De larôs e saravás!
É que eu sou malandro, batuqueiro
Cria lá do morro do Salgueiro
Se não acredita, bate de frente pra ver
O couro vai comer!
Autores: Marcelo Motta, Fred Camacho, Guinga, Getúlio Coelho, Ricardo Fernandes e Francisco Aquino