ARTUR RODRIGUES
FABRÍCIO LOBEL
DE SÃO PAULO
A X-9 Paulistana encerrou o segundo dia de desfile do Grupo Especial de São Paulo após um começo tenso.
Primeiro, a oca que compunha a comissão de frente da escola perdeu a direção e foi para no gradil da avenida. Os organizadores levaram alguns minutos para conseguir estabilizar e recolocá-la no centro da passarela do samba.
Logo em seguida, o segundo carro teve as laterais desmontadas para conseguir contornar e entrar na avenida.
Várias pessoas caíram do mesmo carro após ele tombar para a frente na concentração. Todas eram artistas de circo. Algumas delas foram socorridas pelo SAMU (Sistema de Atendimento Móvel de Urgência), incluindo o integrante da escola Renato Teixeira, que caiu de uma altura de cerca de dez metros. Ele foi levado para a Santa Casa e não há detalhes sobre seu estado de saúde.
Segundo relatos de integrantes, uma caravela que compunha o carro cedeu pelo peso dos participantes, levando alguns deles a caírem e outros a ficarem pendurados pelo cinto. Os integrantes que fizeram todo o trajeto tiveram que permanecer sentados durante o resto do desfile e, na hora do desembarque, o clima era de pânico. Houve reclamações de que o cinto estava seco e não fechava.
“[O trajeto] foi com todos nós sentados lá em cima, com medo de o carro virar”, diz Márcio Pascoal, 46, integrante da escola. “Foi uma falta de respeito com o ser humano.”
A assessoria da Liga disse que aguardará esclarecimentos para comentar o incidente. Membros da Liga tentaram intimidar a reportagem da Folha.
A estrela da X-9 Paulistana é o açaí, fruta popular na região Norte do país. Da descoberta, manipulação e criação de lendas por povos indígenas até a explosão da exploração e comércio da fruta vão ter exibição paralela ao desenvolvido da cultura paraense e das belezas de Belém.
O carnavalesco André Machado planejou esculturas com até sete metros de altura, com bastante uso das cores verde e vermelho e carros alegóricos exuberantes. A representação do Sírio de Nazaré, com a tradicional corda da fé, também vai estar no sambódromo.
A vermelho, verde e branco vem para passarela do samba com 2.800 componentes, 21 alas e 5 alegorias.
Antes da X-9 Paulistana, que encerra o desfile do Grupo Especial de São Paulo, passaram pelo sambódromo a Unidos do Peruche, a Império da Casa Verde, a Acadêmicos do Tucuruvi, a Mocidade Alegre, a atual campeã do Carnaval Vai-Vai, e a Dragões da Real.
A X-9 Paulistana é a última a desfilar nesse segunda dia de desfile do Grupo Especial de São Paulo. As agremiações têm que passar pela passarela do samba entre 55 minutos e 65 minutos para não perderem pontos.
CONFIRA O SAMBA-ENREDO DA ESCOLA
“Açaí guardiã ! Do amor de Iaçã ao esplendor de Belém do Pará”
Ecoou… O rufar do meu tambor
“Do amor de Iaça ao esplendor de Belém do Pará”
Lugar de rara beleza
Encantos da mãe natureza
Onde a velha sábia revelou
O sacrifício que a tribo suplantou
Índia tão bela, sua lágrima o fruto fez brotar
Do solo sagrado brasileiro
Correu o mundo e tem história pra contar
O povo Tupinambá foi o primeiro a provar
E fez a festa na aldeia
É canto e devoção, somos todos irmãos
Sangue cabano tá na veia
As margens do rio, mercado popular
Destaque na cor e no seu paladar
Dela tudo se aproveita, árvore sagrada
Culto de mina-nagô
Ôôô, saúde e bem estar
Ôôô, pra revitalizar
Na procissão de fé do Círio de Nazaré
Hoje clamo em oração
Oh! Virgem santa, abençoai meu pavilhão
São quatrocentos anos guardados no coração
X-9 é amor verdadeiro
Sempre em primeiro lugar
A “energia” do meu samba vem aí
Tá na boca o sabor do açaí
Autores: Accyoly Filho, Saulo Mesquita, Turko, Maradona, Fabio X9, Thiago Japa, Rafa do Cavaco, Mixaria, Carlos Alberto, Dom Henrique e MP08
Colaborou SIDNEY GONÇALVES DO CARMO e JAIRO MARQUES
