ARTUR RODRIGUES
FABRÍCIO LOBEL
DE SÃO PAULO
Na concentração, uma passista nua, com o corpo pintado, ilustra o tema da Rosas de Ouro: a tatuagem.
A escola vem para passarela com 23 alas, 5 alegorias e 2.700 componentes. Motivados pelo enredo “Arte à flor da pele. A minha história vai marcar você!”, centenas de foliões ligados à escola cravaram na pele tatuagens, representação máxima que a Rosas irá levar ao sambódromo. Em algumas alas, contudo, todos os integrantes usam tatuagens temporárias.
A presidente da escola, Angelina Basílio, afirmou neste sábado (6) que a escola vai fazer um grande desfile: “A Rosas de Ouro está preparada para fazer um grande Carnaval”, disse ela, que fez uma tatuagem recentemente.
As Rosas de Ouro entrou na passarela do samba por volta das 3h26 e traz o Woodstock, índios, homens das cavernas para falar da história das tatuagens no mundo.
Este ano, o grupo estreia um novo carnavalesco, o carioca André Cezari, que terá o desafio de contar os 44 anos de história das tatoos pelo Brasil, passando por questões como as cicatrizes, o preconceito, a criminalidade chegando à identidade das pinturas.
O Museu da Tatuagem de São Paulo foi convidado para compor uma ala da Rosas. O diretor do museu, Elcio “Polaco”, confessa que o samba não é bem a praia dele. “Mas quando a gente ouve a bateria, não tem como não se emocionar.”
Um dos destaques da Rosas de Ouro é a atriz Ellen Rocche, que ocupa desde 2007 o posto de rainha de bateria, que este ano vem fantasiada de marinheiro –um dos personagens clássicos na história da tatuagem. A bateria vem com o surdo de terceira (de corte) livre, dando suingue ao samba na avenida.
Carentes de celebridades no Carnaval paulista, os foliões se empurram para fotografar a rainha da Rosas. Além dela, o funkeiro MC Guimê e a famosa drag queen Salete Campari, com a fantasia de anjo mau, participam do desfile da azul, vermelho e branco.
Com alegorias grandiosas e cheias de luxo, a Rosas de Ouro agita o público no Sambódromo do Anhembi, na zona norte de São Paulo, que grita junto com os integrantes: “pra vida inteira”.
Outra marca do desfile da Rosas são as fantasias muito detalhadas e os carros alegóricos, como o que representa o antigo presídio do Carandiru. Na ala das baianas, por exemplo, há hieróglifos e motivos egípcios.
Antes da Rosas de Ouro, passou pela avenida Pérola Negra, Unidos de Vila Maria e Águia de Ouro, Também se apresentarão nesta madrugada a Nenê de Vila Matilde, Gaviões da Fiel e Acadêmicos do Tatuapé.
CONFIRA O SAMBA-ENREDO DA ESCOLA
“Arte à flor da pele. A minha história vai marcar você”
Eu vou tatuar no seu coração
Pra vida inteira
És meu amor
Eterna como o tempo, roseira
A mão marcou na pedra essa história
Nascia a primeira cicatriz
Exposta na pele como troféu
Esculpida em rituais
Orgulho na alma do guerreiro
Essa herança dos tribais
Por muito, a religião proibiu
Ao som do tatau, no ocidente, evoluiu
Marcando novas gerações
Rebelde em seu jeito de ser
Na velocidade da luz
A muitos seduz, vem ver
Salve o marinheiro, vem arte do mar
Em chão brasileiro, canta o sabiá
Floresceu paz e amor num fino traço
Dragão tatuado no braço
Vem ser criança e brincar
No seu corpo desenhar
A fé que traz a esperança
Saudades, paixões e lembranças
Em formas radicais
Em notas musicais, vai além…
Entre as grades nasce a flor também
E a nação azul rosa vai passar
Riscando o chão na passarela, a cantar: roseira! roseira!
Minha segunda pele é meu pavilhão
Orgulho estampado com ostentação
Autores: Wagner Mariano, Fabiano Sorriso, Marcus Boldrini, Márcio André Filho, Rapha SP, Wellington da Padaria, Guiga Oliveira e Bolt Mascarenhas
Colaborou JAIRO MARQUES e SIDNEY GONÇALVES DO CARMO