As escolas de samba de São Paulo acertam os últimos detalhes dos carros alegóricos para entrar no Sambódromo do Anhembi, na zona norte, após o forte temporal que atingiu a capital paulista no final da tarde deste sábado (6).
A chuva retardou a chegada dos foliões, mas, aos poucos, eles começam a chegar ao sambódromo para acompanhar os desfiles. Os portões foram abertos às 19h e a programação terá início às 22h30. Por volta das 22h, o anel superior e os camarotes ainda estavam bem vazios.
Sete escolas participam da segunda noite de desfiles do Grupo Especial de São Paulo. A primeira a entrar é a Unidos do Peruche, que ficou ausente do grupo de elite do Carnaval paulistano por cinco anos. A escola vai para o sambódromo levando um enredo de reverência ao samba: “Ponha um pouco de amor numa cadência e vai ver que ninguém no mundo vence a beleza que tem o samba…100 anos de samba, minha vida, minha raiz”.
Além da Peruche, desfilam pelo sambódromo a Império da Casa Verde, a Acadêmicos do Tucuruvi, a Mocidade Alegre, a campeã do ano passado Vai-Vai, Dragões da Real e X-9 Paulistana. As agremiações têm que passar pela passarela do samba entre 55 minutos e 65 minutos para não perderam pontos.
PRIMEIRA NOITE DE DESFILE
A marca da primeira noite do Carnaval paulistano ficou por conta da Rosas de Ouro e seu enredo sobre tatuagem. No carnaval em que blocos de rua tiveram destaque, o sambódromo também teve bom público, em noite em que a já tradicional chuva deu trégua. Com exceção de um problema com refletores, que atrasou o início do evento, nada atrapalhou a folia.
A Rosas veio com um desfile cheio de detalhes, em que os integrantes fizeram mais de 10 mil tatuagens temporárias. A própria presidente da escola, Angelina Basílio, entrou na onda e fez uma permanente. “Nosso desfile foi melhor do que imaginávamos”, disse. “E acabou o meu dinheiro”, brincava ela nos bastidores do espetáculo, enquanto era consolada e parabenizada por dirigentes de outras escolas.
A escola que abriu os desfiles no Anhembi foi a Pérola Negra, que trouxe um enredo em homenagem à dança e ao bairro sede da escola, a Vila Madalena. Com um bom samba, a escola teve no entanto dificuldade de colocar seus dois primeiros carros alegóricos na avenida.
Com um enredo biográfico sobre a atriz Claudia Raia, a Nenê de Vila Matilde passou pela avenida sem sobressaltos. A escola, que é uma das mais tradicionais de São Paulo, levou um samba leve para o Anhembi.
A presença da atriz global empolgou tanto o público das arquibancadas que a diretoria comemorava aos prantos o desfile. As fantasias e carros da escola, no entanto, eram mais simples do que os das concorrentes na mesma noite.
A Unidos de Vila Maria trouxe um enredo sobre Ilhabela. Em um dos carros, piratas presos aos carros alegóricos se lançavam sobre a platéia. A escola buscou no Rio de Janeiro um dos compositores de seu samba-enredo, Dudu Nobre. Mas a letra não emplacou e a escola passou diante de um Anhembi desanimado.
Homenageando a escola carioca Beija-Flor, a Acadêmicos do Tatuapé entrou na avenida já com o dia claro e boa parte da arquibancada vazia.
Um dos carros recriou a polêmica alegoria de Joãosinho Trinta em que a imagem de Jesus Cristo entrou na Marquês de Sapucaí encoberta e com a mensagem “mesmo proibido olhai por nós”. A Águia de Ouro já havia abordado temas religiosos ao fazer seu enredo sobre Maria, mãe de Jesus.