ISABELA DIAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
O bloco das Carmelitas, em Santa Teresa, abriu nesta sexta-feira (5) a programação de blocos no Carnaval do Rio comemorando e cobrando a volta completa do bonde que circula no bairro.
Após mais de quatro anos de obras, o sistema voltou a operar, mas ainda em testes e fora do horário de pico. A previsão é que ele funcione normalmente em 2017.
Há cinco anos frequentando o Carmelitas, Lena Lopes, 45, trajava uma fantasia amarela do bondinho, simbolizando a luta dos moradores por reaver o meio de transporte cartão-postal do bairro.
“As obras eram para ter acabado, mas não acabaram e os horários restritos fazem com que o bonde não atenda as necessidades dos moradores. Só dá prejuízo para o comércio. A gente quer o bonde para usar, não só para o turista”, afirma ela.
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A empregada doméstica era uma das mais animadas entoando o samba. Nos versos do samba “Pra onde vai esse bonde?”, de autoria de Luiz Fernando e Luiza Fernanda, uma crítica à eficiência do bondinho em atender não só os turistas, mas também os moradores.
“O bonde voltou, mas não serve para mim / Sou carioca, sim, eu sou de Santa! / Será que esse bonde é só pra gringo ver? / Estou cansado de me… conformar (laraiá)”.
Vestindo uma máscara no bonde, o engenheiro civil Jacques Lerer, 57, mora em Santa Teresa há mais de 20 anos e se divide entre o sentimento de celebração e a insatisfação com o serviço prestado.
“O bonde é a alma de Santa Teresa e agora, depois de muitos anos de briga, ele voltou, mas ainda é coisa de turista. Estamos contentes, mas tem que adaptar.”
As inglesas Rose Whiffer, 22, e Eleanor Joscelyne, 21, em seu primeiro dia de uma viagem de três semanas pelo Brasil, já se apaixonaram pela hospitalidade dos brasileiros, “muito mais amistosos que ingleses, franceses e a maior parte das pessoas”.
“Nós tínhamos uma imagem mental de como seria o Carnaval e estamos muito impressionadas, apaixonadas pelas fantasias”, diz Rose.
Sobre a ameaça do vírus zika, elas disseram que não ficaram preocupadas e não pensaram em cancelar a viagem em nenhum momento.
“Não há muito o que se possa fazer, a não ser se proteger com repelente. A maior preocupação é com toda uma geração de brasileiros que podem nascer com microcefalia”, complementa a inglesa.
De acordo com a Polícia Militar, por volta das 18h quando o bloco já se encaminhava para a dispersão, o público presente era de cerca de 4.000 foliões.