Guiné Equatorial nega dinheiro de empresas brasileiras à Beija-Flor

Por blog alalaô
O embaixador de Guiné Equatorial Benigno Pedro Matute Tang (de boné) desfila em carro alegórico da Beija-Flor na apresentação das campeãs do Carnaval do Rio de 2015 (Samantha Lima/Folhapress)
O embaixador da Guiné Equatorial Benigno Pedro Matute Tang (de boné) em desfile da Beija-Flor (Samantha Lima/Folhapress)

SAMANTHA LIMA
DO RIO

Três dias depois de a embaixada da Guiné Equatorial ter informado, em nota, que o patrocínio à escola de samba Beija-Flor havia partido de empresas brasileiras que atuam no país africano, o embaixador Benigno Pedro Matute Tang voltou atrás e afirmou que o dinheiro veio de “homens e empresas da cultura equatoriana”.

Tang negou que o presidente da Guiné Equatorial, o ditador Teodoro Nguema Obiang Mbasogo e seu filho, o vice presidente Teodorín Obiang, tivessem vindo ao desfile das campeãs, neste sábado (21), no Rio, “por problemas de agenda”. A embaixada havia negado a presença do presidente, Teodoro pai, depois do desfile na segunda-feira (16) que sagrou a agremiação campeã do Carnaval carioca este ano.

O ditador protagonizou polêmica envolvendo o patrocínio da Guiné Equatorial à Beija-Flor em valor estimado entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões, em enredo que exalta o país.

Tang falou aos jornalistas depois da apresentação da Beija-Flor, em que desfilou no último carro, com uma camisa da escola.

“Em primeiro lugar, o governo [da Guiné Equatorial] não financiou este carnaval. Este carnaval foi financiado por homens da cultura equatoriana e empresas equatorianas do setor de cultura”. Disse que um brasileiro também financiou um dos carros.

Questionado por duas vezes sobre o valor aportado pelas empresas da Guiné Equatorial no carnaval brasileiro, Tang disse que não tinha o valor e criticou os veículos de comunicação pela divulgação da estimativa de aporte de até R$ 10 milhões. Disse que vai levar “os dados falsos aos tribunais”.

“É direito de um país defender-se e é um direito de uma imprensa falar o que tem vontade. O que tem que fazer é sentar-se com as autoridades e ver como faz as coisas e não publicar dados que ponham em polêmica o que queremos fazer, que é o reconhecimento de nossa cultura”.

Tang disse, ainda, que o país está acostumado a polêmicas. “Desde que a Guiné Equatorial ascendeu à soberania nacional, estamos em polêmica. Em quatrocentos anos de opressão de nossos antepassados, não havia polêmica. A única polêmica é que o povo da Guiné está dirigindo os bens e o patrimônio de seu país”.

A controvérsia sobre o enredo levou a Beija-Flor às vaias em dois momentos. O primeiro, antes do primeiro desfile da noite, da Imperatriz Leopoldinense, quando o locutor anunciou a campeã, na lista das agremiações que se apresentariam durante a noite.

O segundo, quando seus integrantes iniciaram o desfile, por volta das 4h30.

No começo da Marquês de Sapucaí, no chamado Setor 1, ocupado por moradores das comunidades das escolas, espectadores com bandeirinhas distribuídas pela Beija-Flor cantavam “a campeã voltou”. Mais adiante, porém, ao longo da avenida, as vaias se misturavam aos gritos de “é campeã”.