Apreensão de cerveja ‘não oficial’ chega a 1,2 mi de latinhas em Salvador

Por blog alalaô

JOÃO PEDRO PITOMBO
DE SALVADOR

A apreensão de latinhas de cervejas de marcas que não patrocinam o Carnaval de Salvador triplicou e chegou a
1,2 milhão de unidades.

Em vigor desde 2014, o sistema de exclusividade —baseado no modelo usado pela Fifa na Copa do Mundo— permite que apenas bebidas de patrocinadores sejam vendidas por ambulantes nos três circuitos da festa.
Neste ano, o Grupo Petrópolis, dono da Itaipava, teve exclusividade no circuito do Campo Grande e Pelourinho. Já a Brasil Kirin, da Schin, ficou com o Barra-Ondina.

Para ter a exclusividade, cada cervejaria pagou R$ 10,5 milhões para a Prefeitura de Salvador —cerca de 73% dos R$ 28,8 milhões em patrocínio arrecadados para a festa.

Nas apreensões feitas pela prefeitura, foram encontrados estoques de cerveja de marcas concorrentes em oficinas e garagens de prédios.

Cerca de 80% das apreensões são de produtos da Ambev —maior empresa de bebidas do país, que patrocinou apenas blocos e camarotes no Carnaval da capital baiana.

Cerveja apreendida
Caixas de cerveja apreendidas em Salvador (Foto: Mauro Zaniboni/Secom)

“Eles [a Ambev] tiveram uma postura agressiva para tentar enfrentar o nosso modelo [de exclusividade]”, diz o secretário municipal de Urbanismo, Sílvio Pinheiro. “Tentaram entrar de forma clandestina nos circuitos.”

Oficialmente, as duas principais cervejarias que patrocinaram o Carnaval não falam em números da festa.

Mas a Folha apurou que elas venderam 25 milhões de latinhas —aumento médio de 10% em relação a 2014.

Procurada, a Ambev informou que “respeita as determinações da prefeitura quanto à comercialização de produtos em áreas não autorizadas” e que “treina seus funcionários e parceiros para seguir as normas pré-estabelecidas”.

Afirmou ainda que “os pontos de venda fixos situados dentro dos circuitos, como bares e restaurantes, são liberados para vender os produtos da companhia” e que “esses pontos de venda seguem regras específicas, como horário determinado para abastecimento, e não são autorizados a realizar vendas no atacado.”

Os produtos confiscados serão liberados mediante uma multa de R$ 1 por latinha, paga pelo dono da mercadoria apreendida.