ROGÉRIO PAGNAN
THAIS BILENKY
LÍGIA MESQUITA
DE SÃO PAULO
A Prefeitura de São Paulo estuda adotar regras mais rígidas para o Carnaval de rua na Vila Madalena no ano que vem e restringir o espaço do evento no bairro.
Segundo o subprefeito de Pinheiros, Angelo Filardo, a ideia é bloquear vias e fazer a festa em um “perímetro menor”. O público deverá ser revistado por agentes da prefeitura, e o folião que portar objetos como garrafas de vidro será barrado.
De acordo com o subprefeito, o objetivo é evitar confrontos como o ocorrido na madrugada desta terça (17), quando foliões jogaram garrafas em policiais militares, que revidaram com bombas de efeito moral. Ao menos quatro ficaram feridos.
“Quase que tinha mais agente público que do gente para ser dispersada. Essas pessoas estavam a fim de brigar. É o azedume que toma conta da rua no começo da madrugada”, disse Filardo.
Moradores também reclamam de sujeira e depredação.
O secretário municipal da Cultura, Nabil Bonduki (PT), disse que outras estratégias estão em estudo. Uma delas é estimular festas na periferia.
Outra seria drenar mais público para o largo da Batata, em Pinheiros —próximo à Vila Madalena, mas com mais espaço e menos residencial.
Neste ano, a prefeitura montou uma programação no local, mas não foi o suficiente. “Não se cria um ambiente com o mesmo ‘sex appeal’ de uma hora para outra”, disse.
A lotação da Vila Madalena em anos anteriores já havia levado um bloco tradicional, a Confraria do Pasmado, a migrar para Pinheiros neste Carnaval. “Estávamos espremidos”, diz Gustavo Melo, um dos fundadores.
PÚBLICO
Segundo a prefeitura, cerca de 1,5 milhão de pessoas foram às ruas no Carnaval, alta de 50% em relação a 2014.
Além da Vila Madalena, o centro também atraiu um público numeroso.
“Muita gente nunca tinha pisado no Minhocão, caminhado pelo Viaduto Santa Ifigênia”, diz Rodrigo Guima, um dos organizadores do bloco Tarado Ni Você.
Mais de 20 mil acompanharam o grupo no sábado (14). No fim do trajeto, uma pessoa foi morta a facada perto do trio elétrico.
A saída do bloco teve um problema visto em outros desfiles: o atraso no fechamento de vias pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). O carro de som ficou “ilhado” no tráfego da avenida Ipiranga com a São João.
Pesquisa da SPTuris com 1.000 foliões no dia 14 mostrou que 84% são da região metropolitana de São Paulo —58% ficaram na cidade por motivos alheios à festa.