DIANA BRITO
LUIZA FRANCO
DO RIO
BRUNA FANTTI
Colaboração para a Folha, do Rio
Foliões ouvidos pela Folha nesta terça (17) apontaram os pontos negativos e positivos dos dias de Carnaval de rua no Rio. As críticas unânimes foram à falta de infraestrutura de banheiros químicos, problemas no transporte público e falta de orientação no trânsito.
“Os banheiros não dão vazão. Mesmo quando há banheiros, eles fedem muito. Há poças de xixi dentro. É um horror”, reclama a paulista Carolina Santiago, 30.
Até a tarde de terça, a Secretaria de Ordem Pública multou 1.013 pessoas urinando nas ruas do Rio, sendo 122 mulheres e 17 estrangeiros. O número é superior ao do ano passado, 720, pois em 2014 a Seop estava apenas começando o trabalho de multas e não teve a agilidade que adquiriu neste Carnaval.
Entre sexta-feira e segunda, a Comlurb (empresa pública responsável pela coleta de lixo no Rio) removeu em torno de 103,8 toneladas de resíduos das ruas onde desfilaram os principais blocos –com destaque para o Cordão da Bola Preta, que desfilou na avenida presidente Antonio Carlos, no centro, sábado (14) e gerou 28,6 toneladas de lixo. Já do Sambódromo e imediações foram removidas mais de 179,9 toneladas até agora. Os números do ano passado não foram divulgados para comparação por causa da greve dos garis no período.
O público elogiou a organização dos blocos pela pontualidade e distribuição da maioria deles pela cidade.
FALTOU TRANSPORTE
O transporte também foi alvo de críticas. “Neste ano tivemos mais dificuldade de achar táxis do que em anos anteriores. Os taxistas também estão menos solícitos, perguntam para onde você vai antes de te deixarem entrar, ficam querendo selecionar os passageiros”, diz o também paulista Rafael Martins, 30.
Nas regiões onde havia blocos, o trânsito ficou caótico. Faltou organização e sinalização a motoristas e pedestres de ruas interditadas e caminhos alternativos.
As estações de metrô mais próximas aos blocos maiores, como a estação Cinelândia, que fica perto do Cordão da Bola Preta, por exemplo, foram fechadas nos dias de desfile para evitar tumultos. Algumas estações como General Osório e Largo do Machado impediram a entrada de usuários momentaneamente por conta da superlotação após os blocos Simpatia É Quase Amor, que desfilou no domingo, e Sargento Pimenta, na segunda.
Os trens também apresentaram problemas com a circulação irregular, demora e suspensão de ramais como o parador Deodoro, que parte da Central do Brasil, sentido zona norte. A segurança, grande preocupação de turistas e cariocas, surpreendeu. “Esperava pior. Não vi assaltos ou brigas”, diz Guilherme Gomez, 30. Apesar disso, uma amiga do mesmo grupo em que ele estava, Priscila Kondo, 28, teve seu celular furtado em um bloco no centro. “Isso é chato, mas sempre tem”, minimiza Priscila.
A avaliação dos foliões se parece com a que faz Rita Fernandes, presidente da Sebastiana, a Associação Independente dos Blocos da Zona Sul. “No geral, tudo funcionou bem, mas ainda temos que melhorar muito na questão da mobilidade. O transporte público não atende a muitas pessoas e os táxis no Rio prestam um serviço péssimo. Também houve alguns problemas de segurança, mas isso não é uma situação especial do Carnaval”, diz ela.
De acordo com a Polícia Militar, 15.500 PMs trabalharam diariamente durante o Carnaval no Estado –seis mil a mais do que no ano anterior. O número de ocorrências de furtos de celulares e carteiras foi o mais registrado nas delegacias da zona sul e centro, além do caso de um jovem que foi esfaqueado no braço ao sair do sambódromo, na madrugada de segunda (16).