Cambistas se profissionalizam na BA e vendem abadás no cartão de crédito

Por blog alalaô

JOÃO PEDRO PITOMBO
DE SALVADOR
Ele anda para um lado e para o outro, com o braço esticado e meia dúzia de camisas dependuradas. Nas mãos, uma máquina de cartão de crédito e débito.

No comércio paralelo de abadás –camisas que dão direito a desfilar nos blocos protegidos por uma corda– vale até dividir em duas vezes no cartão.

Concentrado nas proximidades do circuito Barra-Ondina, os cambistas formam uma passarela, com direito até a tendas montadas, para vender camisas de blocos e camarotes comprados com antecedência.

Ali, a lei de oferta e procura fala mais alto e dita o valor dos abadás. Este ano, contudo, a procura foi menor que a esperada e derrubou os preços da maioria das camisas, segundo cambistas ouvidos pela Folha.

“Não tem nem comparação ao que já foi no passado. Está morno demais”, disse Jaime Cruz, 37, que vive exclusivamente com o que ganha como cambista de ingressos e abadás.

'Passarela' de cambistas próximo ao circuito da Barra em Salvador (João Pedro Pitombo/Folhapress)
‘Passarela’ de cambistas próximo ao circuito da Barra em Salvador (João Pedro Pitombo/Folhapress)

Este ano, o abadá mais caro que vendeu foi do bloco Camaleão, com o cantor Bell Marques: a camisa para um único dia saiu por R$ 1.700.

Já o Nana Banana, que já foi um dos blocos mais cobiçados de Salvador, depreciou. Tendo como atração o Chiclete com Banana em sua estreia sem Bell Marques, as camisas saíram por entre R$ 20 e R$ 50 com os cambistas.

No geral, quem deixou para comprar de última hora não se arrependeu. O motorista Carlos dos Santos, 50, e a técnica de enfermagem Margarete de Jesus, 44, conseguiram um abadá para desfilar com o Harmonia do Samba por quase metade do preço.

A camisa do bloco, vendida por R$ 150, saiu por R$ 80 ao ser comprada um pouco antes do desfile com os cambistas.

CUSTOMIZAÇÃO

Além da venda de abadás, a “passarela” do comércio paralelo inclui também serviços de customização das camisas, com foco no público feminino.

Na Barra, o serviço era ofertado por Andreia Sales, 34, que no dia a dia trabalha como ambulante, mas diz entender de costura. O serviço sai por R$ 5 cada abadá.

SOBE E DESCE

A Folha ouviu cinco cambistas na Barra nesta terça-feira (17) para saber quais os abadás mais inflacionados e os mais depreciados deste Carnaval:

Mais procurados:

1 – Bloco Camaleão, com Bell Marques

2 – Bloco Me Abraça, com Durval Lélys

3 – Camarote Salvador

Menos procurados:

1 – Bloco Araketu, com banda Araketu

2 – Bloco Cheiro, com Cheiro de Amor

3 – Bloco Nana Banana, com Chiclete com Banana