Baderna de foliões prejudica moradores da Vila Madalena

Por blog alalaô

PAULA SAVIOLLI
DE SÃO PAULO

Após confusão entre policiais militares e foliões na madrugada desta terça (17), em que ao menos quatro pessoas ficaram feridas, o bairro da Vila Madalena amanheceu com tom de revolta.

Durante os dias de Carnaval, vários blocos tomam as ruas da região já conhecida pelo grande número de bares e vida boêmia. Quem vive lá reclama do barulho e da agitação descontrolada das milhares de pessoas que ficam na folia até altas horas da madrugada.

No entanto, moradores relatam que a festa que ocorreu na noite de segunda (16) para terça (17)  foi a mais tumultuada em comparação aos outros dias de Carnaval.

“Vomitaram no meu portão, e os jovens subiam a rua gritando com garrafas de bebidas na mão, parecendo um bando de gnus fugindo, quando a Polícia apareceu”, disse Marco Antônio Martins, 52, que reside no bairro desde seu nascimento. “A baderna aqui é constante”.

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Para ele, o grande problema é que os foliões não respeitam a dispersão dos blocos, que deveria ser feita da 0h às 1h, e ficam nas ruas até o amanhecer.

“Chamo essas pessoas de ‘resto de feira'”, disse Martins. “Estão estragando a Vila Madalena”.

Moradora da região, Rose Widman, 55, contou que não consegue dormir desde a última sexta-feira (12).

“A bagunça vai até 6h da manhã, e ainda tenho que olhar para o chão antes de sair para evitar pisar em sujeira”, disse. “Eu estou pensando em me mudar”.

Além disso, as ruas interditadas pelo CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e os vendedores ambulantes atrapalham a entrada e saída dos moradores, e muitos precisam andar em rotas alternativas e mais longas para chegarem em casa.

“Está impraticável morar aqui”, disse  Maria Helena Robyn, 65. “Antes não era assim, foi depois da Copa que piorou”.

No ano passado, o bairro da Vila Madalena ficou lotado de torcedores que iam assistir os jogos da Copa do Mundo nos bares da região.

Apesar de tudo, os moradores dizem que o problema não é os blocos, mas o que eles trazem; o consumo e venda de drogas e bebidas alcoólicas são o que mais os preocupa.

“Quem vem para cá ouve falar que, aqui, vale tudo”, afirmou Djanira Pio, 80, que mora no bairro há 40 anos. “Até transformaram a rua em um motel a céu aberto. Isso aqui é tudo menos Carnaval”.

Seu marido, Oswaldo Pio, 80, concorda: “Se tem uma palavra que traduziria o que acontece aqui é desrespeito”, disse.”Eles banalizaram o que é cultura e diversão com essa ideia de Carnaval”.