JOÃO PEDRO PITOMBO
DE SALVADOR
Após ser detido por duas vezes por porte de drogas em janeiro, o cantor Igor Kannário comandou uma multidão de foliões no circuito do Campo Grande nesta segunda-feira (16) em Salvador.
Autointitulado “príncipe do gueto” e “voz da periferia”, o cantor de pagode fez um desfile num trio independente sem cordas – gratuito para os foliões – com patrocínio da Prefeitura de Salvador.
O cantor, que faz um estilo de pagode batizado de “groove arrastado”, é autor do hit “tudo nosso, nada deles”, uma das candidatas a música do Carnaval deste ano. Foi recentemente elogiado pelo cantor Caetano Veloso.
Rejeitado pelos principais blocos de Salvador, Kannário teve a participação no Carnaval confirmada faltando apenas uma semana para festa.
Os fãs fizeram uma campanha na internet e mandaram oito mil mensagens no Facebook para o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), pedindo a presença do artista no Carnaval.
Ao anunciar a contratação de Kannário, o prefeito disse que estava dando uma “oportunidade” para o cantor.
Desde o início do Carnaval, o cantor já teve suas músicas cantadas por outros artistas como o cantor Saulo e a banda Parangolé. Também fez participações especiais no desfile do Psirico e de MC Guimê.
Ao entrar na avenida nesta segunda, Kannário agradeceu a presença do público e mandou mensagens de incentivo: “Nunca duvidem do poder de Deus”
CONTROVERSO
Com grande popularidade na periferia de Salvador, Igor Kannário tem uma carreira controversa e marcada por polêmicas.
Revelado pela banda “A Bronkka”, partiu para carreira solo e teve alguns shows marcados por episódios de violência. Há seis meses, uma apresentação em São Francisco do Conde terminou com tiroteio e uma pessoa morta.
Em janeiro, num curto espaço de duas semanas, foi detido duas vezes por porte de drogas. O cantor nega relação com o tráfico de drogas, mas admite ser usuário de maconha.
As músicas do cantor também são cercadas de polêmica. Letras com trecho como “Se vier, eu bagaço” são apontadas como incitação à violência.
Já a música na “tudo nosso, nada deles”, Kannário diz ser “barril dobrado”. Na linguagem popular da Bahia, “barril” quer dizer “problema”.
Mesmo com as controvérsias, o cantor prometeu fazer apresentações com pedidos de paz. Neste domingo (15) fez uma apresentação em Cajazeiras, periferia de Salvador, para 15 mil pessoas.
Não houve incidentes graves.