PATRÍCIA BRITTO
ENVIADA ESPECIAL AO RECIFE
Quando der meia-noite no Recife, os tambores de 25 nações de maracatu farão silêncio por alguns minutos para reverenciar os ancestrais africanos trazidos para o país.
É a Noite dos Tambores Silenciosos, cerimônia que acontece toda segunda-feira de Carnaval desde os anos 60 no pátio da Igreja do Terço, no bairro de São José.
Os negros escravizados no Brasil eram proibidos de expressar livremente suas crenças religiosas e o faziam às escondidas, daí a origem do nome da cerimônia.
O evento começou pouco depois das 20h com apresentação de maracatus de baque-virado e seguirá até a madrugada.
À meia-noite, as luzes da rua se apagam, todos fazem silêncio e o tatá Raminho D’Oxossi (equivalente a um babalorixá) comanda uma celebração que homenageia as religiões afrodescendentes.
A dançarina Janaína Ramos, 35, foi uma das primeiras a chegar e esperava ansiosa o início da cerimônia. “Quando as luzes se apagam aqui, eu sinto uma emoção muito forte, toda vez eu choro. Só quem está aqui consegue sentir”, disse.
Ela conta que participa há 17 anos e que não pretende parar. “Vou estar toda velha cheia de pelancas, mas vou estar aqui, não só representando o maracatu, mas a minha cultura”, disse.