Beija-Flor faz homenagem à Guiné Equatorial com verba do país africano

Por blog alalaô

PEDRO SOARES
DO RIO
BRUNA FANTTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

O patrocínio do governo da Guiné Equatorial para a escola de samba Beija-Flor de Nilópolis virou a principal polêmica do Carnaval carioca.

O país é uma ditadura comandada há 35 anos por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que tem uma fortuna pessoal avaliada em US$ 600 milhões, de acordo com a revista “Forbes”.

Segundo o jornal “O Globo”, que revelou o caso, o patrocínio é de R$ 10 milhões. A Beija-Flor não confirma nem refuta o valor.

Dirigentes têm receio de que a relação com o país crie antipatia no público e nos jurados. A escola desfila nesta segunda-feira (16).

A relação entre representantes da agremiação da Baixada Fluminense e integrantes da ditadura africana começou em 2013 na Marquês de Sapucaí, palco dos desfiles do Carnaval carioca.

Filho do ditador e um dos vice-presidentes do país, Teodoro Obiang Mangue, chamado de Teodorín, teria contratado uma apresentação particular da escola no camarote que ocupava.

Teodorín Obiang, filho do ditador da Guiné Equatorial e um dos vice-presidentes  do país (Foto: Marlene Bergamo/Folhapress)
Teodorín Obiang (à esq.), filho do ditador da Guiné Equatorial e um dos vice-presidentes
do país (Foto: Marlene Bergamo/Folhapress)

Ainda em 2013, a escola foi convidada a fazer uma apresentação em comemoração aos 45 anos de independência do país.

Já em 2014, após fazer um Carnaval abaixo de seus padrões na homenagem a José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, a Beija-Flor resolveu levar uma comitiva à Guiné para pedir patrocínio.

À frente da comitiva estava Raíssa Oliveira, rainha de bateria da escola. Teodorín teria se encantado por ela e convencido o pai a financiar o desfile da escola.

Em nota, a Beija-Flor afirmou que o enredo, intitulado “Um griô conta a história: um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial”, “não irá falar de política, somente realçar as belezas naturais do país”. Griô, na mitologia africana, é um contador de histórias orais.

Em carta aberta, o embaixador da Guiné Equatorial no Brasil, Benigno Pedro Matute Tang, afirmou que a homenagem ao país tem “caráter puramente cultural”.

Alheio às críticas, Teodorín se hospedou na suíte presidencial do hotel Copacabana Palace, na zona sul do Rio, e reservou outras seis para sua comitiva de cerca de 30 pessoas. A diária no Carnaval de cada suíte varia entre R$ 5.600 e R$ 7.200.

A Folha apurou que sete carros blindados foram postos à disposição do grupo.