POR JAIRO MARQUES
A partir de amanhã, as principais vias da Vila Madalena (zona oeste) passam a ser ocupadas por centenas de foliões que fazem do Carnaval de rua do bairro um dos mais significativos da cidade.
Associações de moradores mostram preocupação com o volume do evento —só neste fim de semana, de 40 mil a 50 mil pessoas circularão pelos blocos, estima a prefeitura.
Os grupos, porém, dizem que haverá mais organização do que em anos anteriores.
Pelo menos 24 blocos oficiais —sete deles amanhã— devem desfilar na região e provocar alterações no trânsito, causar barulho e mudar a rotina de moradores.
Sem contar os blocos que não se cadastraram na prefeitura e as festas carnavalescas com bandas promovidas por bares —nas rede sociais, há 15 previstos no fim de semana.
Angela Campo, da associação Amadá, teme que a vila se torne “terra de ninguém”.
“Não é questão de gostar ou não de Carnaval. É a falta de condições das ruas do bairro de absorver a movimentação. No ano passado, o direito de ir e vir dos moradores foi completamente desrespeitado.”
Tom Green, inglês do SOS Sossego Vila Madalena que vive no bairro há 15 anos, vai na mesma direção. “É um evento cultural e respeitamos, mas o bairro não aguenta mais o excesso de uso”, diz.
“Com a Subprefeitura de Pinheiros, tivemos reuniões, mas tudo já estava decidido. Não tivemos chance de sugerir horários ou itinerários. Tudo foi decido pelos blocos.”
Blocos e prefeitura negam problemas de diálogo.
Para Gustavo Melo, do Nóis Trupica Mais não Cai e um dos idealizadores do Manifesto Carnavalista, por melhorias na folia de rua de São Paulo, a festa será melhor e mais organizada do que a 2013.
“O diálogo entre blocos, poder público e moradores melhorou muito. Tivemos várias reuniões e foram apresentadas propostas construtivas.”
Segundo ele, blocos devem informar amplamente os moradores de trajetos e horários e evitar concentrações em pontos específicos. Alguns têm parcerias com catadores para evitar lixo nas ruas.
Rafael Domingues Faria, do Nu Interessa, avalia que tudo será “muito tranquilo”. “Conversamos com moradores e deixamos as informações claras. Vamos manter a limpeza e tudo certo.”
A prefeitura disse que, numa “atuação integrada, serão implantadas medidas para orientar o tráfego, zelar pela segurança pública, coibir o comércio ilegal e recolocar o bairro em condições adequadas de limpeza após os desfiles.”